Eles não são empresários, não pagam impostos e tampouco são engravatados. Disputam espaço por território e consumidores. O negócio tem até direito a tribunal de conciliação - dentro no Presídio Central. Mas nas ruas, o que vale mesmo é a lei do mais forte. Um levantamento feito pelo Diário Gaúcho mostra que quadrilhas de traficantes associadas a quatro facções criminosas - Bala na Cara, Manos, Abertos e Conceição - lotearam pelo menos 32 bairros da Capital (são 81 no total). A rotina de cerca de 840 mil pessoas (60% da população) é atingida, direta ou indiretamente, pelos confrontos em nome da manutenção de lucrativas bocas de fumo. São pelo menos 14 zonas de conflito nestas áreas, onde a guerra é aberta e os tiroteios, frequentes. O negócio é, invariavelmente, mantido por quadrilhas bem armadas. Até agora, em 2015, foram apreendidos pelo menos 78 pistolas, fuzis e metralhadoras na Região Metropolitana. Uma pequena parcela do poder de fogo dos criminosos. São grupos que ainda mantêm o domínio dos seus becos originais, mas são cada vez mais amparados por outros bandos e, em geral, administrados pelas facções que hoje controlam o Presídio Central. Uma estimativa extraoficial do Denarc é de que um ponto de venda de crack bem sucedido na cidade tenha lucro de até R$ 2 mil diários. Um dinheiro cada vez mais marcado pela morte. Os 32 bairros com atuação de quadrilhas concentram pelo menos 85% dos 227 assassinatos já ocorridos na Capital este ano. Pelo menos 60% da população da Capital tem a sua vida afetada de alguma forma pelo loteamento do tráfico.São postos de saúde fechados, escolas vazias, tiroteios diários, toques de recolher que forçam o comércio a fechar as portas. Há quem tenha medo de dormir dentro da própria casa. Se a estatística policial aponta que até 90% das vítimas de homicídios têm antecedentes criminais, o efeito colateral desses acertos de contas vai muito além das áreas de conflito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário