O caminho até chegar ao Conjunto Residencial Haroldo de Andrade, em Barros Filho, na Zona Norte do Rio, é tortuoso. A 200 metros da entrada do condomínio, do programa federal “Minha casa, minha vida”, após passar pelo primeiro quebra-molas, o visitante que chega de carro precisa fazer um zigue-zague pelas barricadas de pedras e árvores derrubadas sobre a única via de acesso ao local, a Estrada Almirante Santiago Dantas. Na frente do portão principal, é preciso piscar o farol duas vezes para que “a segurança” dê acesso ao local. Já dentro do condomínio, até o forasteiro mais distraído conseguiria identificar o principal ponto de venda de drogas, totalmente ocupado por traficantes e cercado por homens armados: ele fica no prédio projetado para ser o centro comercial, com dez lojas. O relato — construído a partir de narrativas de moradores e inquéritos da 39ª DP (Pavuna) e da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) — revela que a expulsão de 80 famílias do conjunto ao longo de 2014 foi só um prenúncio dos planos do tráfico para o local. Hoje, os cinco condomínios têm, como o vizinho Morro da Pedreira, “dono” e “gerentes”, seguranças armados, uma boca de fumo e barricadas para dificultar a entrada da polícia. A invasão do centro comercial é alvo de uma investigação da 39ª DP, que começou a partir de um registro de ocorrência feito por funcionários da Companhia Estadual de Habitação (Cehab) em agosto de 2014. Na ocasião, a equipe responsável pela fiscalização das unidades não conseguiu sequer entrar no local — separado somente por um muro do Espaço de Desenvolvimento infantil (EDI) Professora Roseane Vasconcellos, frequentado por 200 crianças — para tirar fotos. Hoje, segundo moradores, algumas das lojas vendem produtos roubados — como celulares e tênis — e outras são usadas para armazenar drogas, vendidas no pátio em frente ao prédio.
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