RÁDIO ITABUNENSE


25 julho 2015

Sete anos depois, criança símbolo do PAC tem morte suspeita

O símbolo da esperança nas obras do PAC está sepultado. Em uma cova rasa no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio. O menino Christiano, criança que comoveu o país ao abraçar o presidente Lula no lançamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Manguinhos, também na Zona Norte, em 2008, morreu dia 3 de julho, no mesmo lugar onde ficou famoso e passou a ser chamado de Lulinha. No laudo do IML, informação sobre uso de drogas e pedido de autopsia. Na memória da família, o garoto-herói, brincalhão, alegre e apaixonado por selfies. Em seu perfil na rede social, o rosto sorridente, a marra do integrante do “Bonde dos Maridão”. Mas a vida real foi uma sucessão de sonhos desfeitos. Na casa de sua mãe, o tempo parou. A irmã Sthephanie Leah, de 14 anos, olha, sem expressão, para a TV de tela plana. Passa um desenho animado. Acaricia a barriga. Está grávida de seis meses. São 15h. Ainda não comeu nada. Acabou de acordar. Abandonou a escola no ano passado, assim como Christiano, que morreu aos 15, e a caçula, Milhena, de 12. O que sonham fazer no futuro? As duas dão de ombros. No palanque de Lula, fiz a mesma pergunta a Christiano. Que profissão o garoto de 9 anos gostaria de ter? Pedreiro. O motivo? Não conhecia nenhuma outra. Depois, fomos ao barraco onde morava. Quis me mostrar um brinquedo. Um cabo de vassoura. Era seu cavalo. No dia 19 de fevereiro de 2008, a foto de Christiano nadando em uma poça, num vazamento da Cedae, saiu na capa do EXTRA. A imagem do menino comoveu o então presidente Lula, que fez questão de conhecê-lo no comício de inauguração das obras. Hoje, Manguinhos é o mesmo abandono. Coberto com o cimento do PAC. Faltam médicos na UPA, os quiosques que seriam vendidos a comerciantes foram depredados, cavalos pastam no meio do lixo. Falta água nas casas. Ano passado, pegou fogo num andar de apartamentos. Estão até hoje fechados. As famílias perderam tudo. Christiano foi o símbolo da esperança num futuro que nunca se concretizou.

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