Veiculada em agosto do ano passado, a matéria sobre o sequestro de um fazendeiro de São José do Rio Preto (SP) publicada no Diário da Região resultou em problemas para o jornalista Allan de Abreu, que apurou a reportagem. Na última semana, ele foi indiciado pelo material e pode ser preso pela Polícia Civil paulista. De acordo com informações do 'Jornal Nacional', Abreu teve acesso a escutas telefônicas sobre o sequestro. Em sua reportagem, ele transcreveu o áudio que mostrava as ameaças e até um pedido de resgate para a família da vítima. O repórter afirmou que conseguiu os documentos por meio do cartório da terceira Vara Criminal no Fórum de São José do Rio Preto, sem qualquer tipo de restrição. Mesmo diante dessa informação, a Polícia Civil resolveu abrir inquérito para apurar como o jornalista teve acesso ao documento. Segundo o delegado responsável pelo caso, Airton Honório, o jornalista cometeu quebra de sigilo. Para este tipo de crime, a pena pode variar de dois a quatro anos de prisão. Em resposta ao caso, o editor-chefe do Diário da Região, Milton Rodrigues, disse ao G1 que vai contestar a versão do delegado. "Ele (o Abreu) conseguiu as informações diretamente no balcão do Fórum de uma maneira que qualquer outra pessoa poderia ter acesso. Allan trabalha há oito anos no jornal e, para mim, isso é uma tentativa de intimidação não sei por quais motivos, mas isso não causa nenhum tipo de efeito em relação a nossa postura". A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também falou sobre o assunto. A entidade considera absurdo o indiciamento do repórter. "É impossível haver crime de quebra de sigilo quando não há segredo. O Tribunal de Justiça de SP deve agir com celeridade e reparar a decisão da Polícia Civil paulista, deferindo o pedido de trancamento da ação, que se configura um evidente desrespeito ao exercício da atividade jornalística e à Constituição Federal, que a ampara". (Comunique-se)
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