Ainda na terça-feira, uma história surgiu de que uma criança teria guiado o primeiro resgate no desastre aéreo que vitimou a Chapecoense e matou 71 pessoas na Colômbia. Mas também surgiram algumas dúvidas. Afinal, ela existiu mesmo? Quem era ela? Como ninguém havia sido capaz de achá-la, ela logo virou uma ‘criança fantasma'. Mas os socorristas e bombeiros não estavam vendo coisas. O jornal El Colombiano enfim conseguiu identificá-la. Ela, na verdade, não era bem uma criança de 10 anos, como se disse em princípio. Mas ajudou bastante no resgate de pelo menos dois jogadores da Chapecoense. Johan Alexis é um pouco mais velho, um jovem de 15 anos. Ele e o pai Miguel Ramírez ouviram um forte barulho na noite de segunda-feira. Momentos depois, viram pela televisão que havia acontecido um acidente. E não demoraram a decidir que tinham que sair de casa e ir ajudar. Eles estavam a cerca de quatro minutos do local. Quando chegaram, alguns socorristas já estavam por lá. "Começaram a sacar os feridos, mas estavam abrindo caminho pelo morro. Mas assim demoraria muito e dissemos que havia um caminho mais fácil e mais rápido", conta Alexis. "Já estava saindo com o Alan Ruschel e disse a um bombeiro, que era um dos chefes, que conhecia o caminho. Então eu os acompanhei e depois corri para onde estavam os policiais para avisar que tínhamos um ferido. E já havia um carro no local", continua. A história bate exatamente com a contada na terça por Sergio Marulanda, um dos moradores que colaboraram com o deslocamento dos sobreviventes - ele era o dono de uma das caminhonetes 4x4 que conseguiam se locomover pelo local. "Quando estávamos estacionando as caminhonetes, chegou uma criança e nos disse que uns feridos estavam sendo retirados por outro lado", havia dito Marulanda. Depois, Alexis ainda ajudou a salvar o goleiro Jackson Folmann, enquanto o pai auxiliou no transporte da aeromoça Ximena Suárez. Apesar de toda a ajuda, pai e filho ainda acabaram levando uma bronca de um policial, que quis expulsá-los do local. "Estávamos voltando para ajudar com mais sobreviventes quando um policial nos disse para ir embora, que não sabia as intenções que tínhamos. Um bombeiro ainda discutiu com ele, disse que estávamos ajudando. Mas voltamos para casa para evitar mais problemas", conta Alexis. Em casa, nenhum deles conseguiu dormir. Primeiro porque alguns bombeiros e policiais foram até a casa deles para se abrigar da forte chuva que começou a cair. E depois, claro, por tudo que haviam vivido. "Estava muito cansado, mas não conseguia dormir. Me dá muita satisfação ajudar a salvar vidas", diz Alexis, que coincidentemente é torcedor fanático do Atlético Nacional, que seria rival da Chapecoense na final da Sul-Americana e acabou se transformando em um dos clubes mais sensibilizados por tudo que aconteceu. (ESPN)
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