A atriz Tônia Carrero morreu no último sábado, no Rio de Janeiro, aos 95 anos. A neta Luisa Thiré confirmou a informação à GloboNews. Ela passava por cirurgia para tratar uma úlcera, quando sofreu parada cardíaca. O procedimento foi realizado em uma clínica particular na Gávea, no Rio de Janeiro. Desde 1999 ela sofria de hidrocefalia oculta, que consiste no acúmulo de líquido no cérebro, provocando pressão interna. Na época, Tônia se submeteu a uma cirurgia para colocar um dreno debaixo do couro cabeludo e conseguiu continuar a trabalhar. Uma segunda intervenção, nove anos depois, não surtiu o mesmo resultado satisfatório. A doença fez com que a atriz tivesse a fala e os movimentos comprometidos, o que a levou a optar por uma vida reclusa em sua casa, no Jardim Botânico, Rio. Sua última aparição pública foi em 2011, quando prestigiou um espetáculo de seu único filho, o ator Cecil Thiré, de 73 anos. Em outubro de 2016, esteve nove dias internada para tratar uma pneumonia.
Maria Antonietta Portocarrero Thedim nasceu na capital carioca em 23 de agosto de 1922 e desde a infância vislumbrava um futuro na ribalta, para desespero da mãe recatada e do lar, Zilda de Farias. Já o pai, o marechal Hermenegildo Portocarrero, costumava ser visto na primeira fila da plateia de suas peças. Aos 17 anos, casou-se com o diretor de cinema Carlos Arthur Thiré, pai de Cecil, que em princípio também se mostrou contrário à ideia de ver a mulher atuando. Tônia formou-se em Educação Física em 1941 e chegou a dar aulas no Vasco, mas ao acompanhar o marido em um período de trabalho em Paris decidiu retomar o antigo sonho. Fez vários cursos e, ao retornar ao Brasil, aos 25 anos, estrelou seu primeiro filme, Querida Suzana, de Alberto Pieralise, que trazia nomes como Anselmo Duarte e Nicette Bruno no elenco. O desempenho chamou a atenção do cineasta Fernando de Barros, que a convidou para trabalhar em Caminhos do Sul (1949) e Perdida pela Paixão (1950). Depois disso, a convite do empresário Franco Zampari, Tônia entrou para a Companhia Cinematográfica Vera Cruz com status de diva de Hollywood. Nos famosos estúdios de São Bernardo do Campo (SP), Tônia protagonizou Apassionata (1952), Tico-tico no Fubá (1952) e É Proibido Beijar (1954), de Ugo Lombardi. O longa Chega de Saudade (2008), de Laís Bodanzky, marcou a despedida do cinema e rendeu-lhe o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de Cartagena. Ainda em 2008, Tônia foi a homenageada do ano do Prêmio Shell. Ela subiu aos palcos pela primeira vez em 1949 em Um Deus Dormiu Lá em Casa, pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), ao lado de Paulo Autran. A partir daí, participou de várias montagens de textos clássicos como Otelo (1956), de William Shakespeare, Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? (1978), de Edward Albee, e Casa de Bonecas (1971), de Henrik Ibsen. Em 1968, destacou-se ao interpretar a prostituta Neusa Sueli na peça Navalha na Carne, de Plínio Marcos, com direção de Fauzi Arap. Seu espetáculo derradeiro aconteceu em 2007: Um Barco para o Sonho, de Alexei Arbuzov, produzido pelo filho e dirigido pelo neto, Carlos Thiré. Na TV, teve grande sucesso como a milionária Cristina Melo de Guimarães Cerdeira de Pigmalião 70, novela levada ao ar pela Rede Globo em 1970. O corte de cabelo da personagem conquistou as ruas e ganhou o apelido de “Pigmalião”. Outro papel de destaque foi o da socialite excêntrica e liberada Stella Simpson de Água Viva (1980), na mesma emissora, pelo qual recebeu o prêmio de melhor atriz de televisão da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), e Rebeca, em Sassaricando. O ano de 2004 marcou suas últimas aparições na televisão: como Madame Berthe Legrand, em Senhora do Destino, e interpretando ela mesma na minissérie Um Só Coração, atração produzida pela Globo em comemoração aos 450 anos de São Paulo. Na vida pessoal, Mariinha, apelido pelo qual a família a chamava, casou-se mais duas vezes: com o ator e diretor italiano Adolfo Celi, que terminou um romance com a atriz Cacilda Becker para ficar com ela, e com o empresário César Thedim, do qual nunca chegou a se divorciar de fato. Enquanto era casada com Celi, Tônia se envolveu com o escritor Rubem Braga, que a amou perdidamente, e com o colega Paulo Autran. Sempre falou sem pudor sobre seus romances – admitiu publicamente um enorme arrependimento por não ter cedido às investidas de Juscelino Kubitschek e Vinicius de Moraes. Esse último, aliás, eternizou a paixão não correspondida na canção Formosa. Pouco afeita à hipocrisia, Tônia certa vez admitiu a Cacilda Becker – que a ignorou durante 11 anos após a traição de Celi – que sentia inveja dela. Ela também não era chegada à falsa modéstia de fingir que não possuía consciência do quanto era bonita. Tinha, sim, e não escondia o desgosto provocado pelo envelhecimento. Felizmente, para deleite do público que pôde conferir seus trabalhos e acompanhar sua trajetória, soube extrair o melhor possível da rara combinação de talento e beleza. Além de Cecil e de Carlos, Tônia deixou outros três netos e cinco bisnetos. (Veja)
Maria Antonietta Portocarrero Thedim nasceu na capital carioca em 23 de agosto de 1922 e desde a infância vislumbrava um futuro na ribalta, para desespero da mãe recatada e do lar, Zilda de Farias. Já o pai, o marechal Hermenegildo Portocarrero, costumava ser visto na primeira fila da plateia de suas peças. Aos 17 anos, casou-se com o diretor de cinema Carlos Arthur Thiré, pai de Cecil, que em princípio também se mostrou contrário à ideia de ver a mulher atuando. Tônia formou-se em Educação Física em 1941 e chegou a dar aulas no Vasco, mas ao acompanhar o marido em um período de trabalho em Paris decidiu retomar o antigo sonho. Fez vários cursos e, ao retornar ao Brasil, aos 25 anos, estrelou seu primeiro filme, Querida Suzana, de Alberto Pieralise, que trazia nomes como Anselmo Duarte e Nicette Bruno no elenco. O desempenho chamou a atenção do cineasta Fernando de Barros, que a convidou para trabalhar em Caminhos do Sul (1949) e Perdida pela Paixão (1950). Depois disso, a convite do empresário Franco Zampari, Tônia entrou para a Companhia Cinematográfica Vera Cruz com status de diva de Hollywood. Nos famosos estúdios de São Bernardo do Campo (SP), Tônia protagonizou Apassionata (1952), Tico-tico no Fubá (1952) e É Proibido Beijar (1954), de Ugo Lombardi. O longa Chega de Saudade (2008), de Laís Bodanzky, marcou a despedida do cinema e rendeu-lhe o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de Cartagena. Ainda em 2008, Tônia foi a homenageada do ano do Prêmio Shell. Ela subiu aos palcos pela primeira vez em 1949 em Um Deus Dormiu Lá em Casa, pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), ao lado de Paulo Autran. A partir daí, participou de várias montagens de textos clássicos como Otelo (1956), de William Shakespeare, Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? (1978), de Edward Albee, e Casa de Bonecas (1971), de Henrik Ibsen. Em 1968, destacou-se ao interpretar a prostituta Neusa Sueli na peça Navalha na Carne, de Plínio Marcos, com direção de Fauzi Arap. Seu espetáculo derradeiro aconteceu em 2007: Um Barco para o Sonho, de Alexei Arbuzov, produzido pelo filho e dirigido pelo neto, Carlos Thiré. Na TV, teve grande sucesso como a milionária Cristina Melo de Guimarães Cerdeira de Pigmalião 70, novela levada ao ar pela Rede Globo em 1970. O corte de cabelo da personagem conquistou as ruas e ganhou o apelido de “Pigmalião”. Outro papel de destaque foi o da socialite excêntrica e liberada Stella Simpson de Água Viva (1980), na mesma emissora, pelo qual recebeu o prêmio de melhor atriz de televisão da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), e Rebeca, em Sassaricando. O ano de 2004 marcou suas últimas aparições na televisão: como Madame Berthe Legrand, em Senhora do Destino, e interpretando ela mesma na minissérie Um Só Coração, atração produzida pela Globo em comemoração aos 450 anos de São Paulo. Na vida pessoal, Mariinha, apelido pelo qual a família a chamava, casou-se mais duas vezes: com o ator e diretor italiano Adolfo Celi, que terminou um romance com a atriz Cacilda Becker para ficar com ela, e com o empresário César Thedim, do qual nunca chegou a se divorciar de fato. Enquanto era casada com Celi, Tônia se envolveu com o escritor Rubem Braga, que a amou perdidamente, e com o colega Paulo Autran. Sempre falou sem pudor sobre seus romances – admitiu publicamente um enorme arrependimento por não ter cedido às investidas de Juscelino Kubitschek e Vinicius de Moraes. Esse último, aliás, eternizou a paixão não correspondida na canção Formosa. Pouco afeita à hipocrisia, Tônia certa vez admitiu a Cacilda Becker – que a ignorou durante 11 anos após a traição de Celi – que sentia inveja dela. Ela também não era chegada à falsa modéstia de fingir que não possuía consciência do quanto era bonita. Tinha, sim, e não escondia o desgosto provocado pelo envelhecimento. Felizmente, para deleite do público que pôde conferir seus trabalhos e acompanhar sua trajetória, soube extrair o melhor possível da rara combinação de talento e beleza. Além de Cecil e de Carlos, Tônia deixou outros três netos e cinco bisnetos. (Veja)
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