A Constituição veda a pena de morte no país, mas a distância entre as garantias da lei e a vida real é grande o suficiente para esconder uma rotina: entre 2014 e 2017 pelo menos 6.368 homens e mulheres morreram sob a custódia do Estado, seja por doenças que infestam as penitenciárias, homicídios ou suicídios. Esse quadro repercute diretamente no dia a dia de violência que atinge todas as regiões do país. Nesse período, houve uma média superior a quatro mortes por dia nas prisões brasileiras. As informações são resultado de um levantamento do GLOBO feito via Lei de Acesso à Informação, com solicitações remetidas aos 26 estados e ao Distrito Federal. Desses, 21 enviaram os dados, de forma completa ou parcial. Ao todo, 3.670 (57,6%) casos são classificados como mortes naturais, quase sempre por problemas de saúde. Boa parte da população carcerária atingida é jovem — em 2016, 55% dos detentos tinham até 29 anos, de acordo com informações do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Outros 1.094 (17,2%) presos foram assassinados, e 266 cometeram suicídio, segundo registros oficiais. Há ainda 472 mortes em todo o Brasil que sequer foram esclarecidas e são classificadas pelas secretarias estaduais como tendo causa indeterminada ou desconhecida. Em 665 casos, os estados não forneceram informação suficiente para a classificação. Nos últimos quatro anos, 250 de cada cem mil detentos brasileiros morreram. No quesito homicídios, por exemplo, a média dentro das penitenciárias supera a dos assassinatos nas ruas (são 43 mortes para cada cem mil contra 30,3). Em uma realidade em que 36% dos encarcerados estão presos provisoriamente, sem sequer serem julgados, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os números revelam um quadro ainda maior.
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