Theresa May, de 62 anos, que, à beira das lágrimas, anunciou nesta sexta-feira a sua renúncia, deixa o poder no Reino Unido após fracassar em concretizar o Brexit, pelo qual não votou, mas que dominou o seu mandato. Com a voz embargada, May informou que deixaria a liderança do Partido Conservador – e, portanto, o cargo de primeira-ministra – em 7 de junho, lamentando “profundamente” sua impotência em concluir o Brexit.
May chegou ao poder nas semanas caóticas após o referendo, cujo resultado levou à renúncia do conservador David Cameron, de quem ela foi ministra do Interior por seis anos. Apesar de ser eurocética, ela falara a favor da permanência na UE, mas teve pouco envolvimento na campanha e insistiu na necessidade de limitar a imigração. Apenas um ano depois de chegar a Downing Street, ela convocou eleições legislativas catastróficas para fortalecer sua posição. No entanto, acabou perdendo a maioria absoluta e dependia do apoio do pequeno partido unionista norte-irlandês DUP para poder governar. Desde então, os ataques dos eurocéticos e pró-europeus de seu próprio partido atingiram-na várias vezes. Diversos ministros a abandonaram, descontentes com sua ideia de negociar um relacionamento próximo com a UE, inclusive dois ministros do Brexit, Dominic Raab e David Davis, além do chefe da diplomacia Boris Johnson. Três anos depois de chegar ao poder, quando o país já deveria estar fora da UE desde 29 de março, May fracassou uma última vez em convencer o Parlamento sobre a futura relação com o bloco europeu. A tarefa de desfazer mais de 40 anos de casamento com a UE não era, de fato, fácil, ressalta Simon Usherwood, cientista político da Universidade de Surrey. Para seu colega Tim Bale, professor de ciências políticas da universidade Queen Mary de Londres, ela pecou “pela recusa do realismo”, recusando uma “abordagem interpartidária”, especialmente depois de seu fracasso nas eleições gerais de 2017. (IstoÉ)
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