Bastou apenas meio ano no Palácio do Planalto para Jair Bolsonaro se lançar candidato a um novo mandato, contrariando a promessa de campanha de não disputar a reeleição. Com quase oito meses no cargo, o presidente mantém sua estratégia: cultivar a polarização com o PT e adotar um clima de palanque permanente. Os números mostram que tal postura vem dando certo até aqui. De acordo com o capítulo da pesquisa VEJA/FSB dedicado aos cenários para 2022, Bolsonaro vence em todas as simulações que testam seu nome. Ele tem 35% das preferências no primeiro turno em relação a Fernando Haddad (PT, 17%), Ciro Gomes (PDT, 11%), Luciano Huck (sem partido, 11%), João Amoêdo (Novo, 5%) e João Doria (PSDB, 3%). O resultado reflete o chamado “recall” da recente disputa eleitoral — os três mais bem colocados no primeiro turno de 2018 ocupam, na mesma ordem, as primeiras posições no levantamento. Nas projeções de segundo turno, Bolsonaro confirma o favoritismo em relação a Haddad (48% a 35%) e também quando o adversário é Doria (45% a 29%). “O presidente está ganhando o terceiro turno. Bolsonaro alimenta relações políticas turbulentas enquanto mantém um casamento estável com seu eleitorado”, diz o cientista político Antonio Lavareda. Um nome que poderia ofuscá-lo como candidato da situação a 2022, o ministro Sergio Moro, aparece bem no cenário em que substitui o presidente, liderando com 27%. Apesar disso, não repete o desempenho do chefe, ficando 8 pontos abaixo — e perdendo para o somatório de votos de candidatos mais à esquerda, como Ciro Gomes e Fernando Haddad.
Outro destaque é Luciano Huck. Nos dois cenários testados, com Bolsonaro e sem o presidente, o apresentador recebe entre 11% e 13% das intenções de voto, respectivamente, em um desempenho bem melhor que o de nomes como Doria e João Amoêdo. Por ora, Huck não pretende entrar na disputa, como considerou fazer em 2018. Mas continua engajado no movimento de renovação política Agora! e discutindo os problemas brasileiros em palestras pelo país. Recentemente, afirmou que o governo Bolsonaro é “o último capítulo do que não deu certo”. Cinco dias depois, viu o nome de uma de suas empresas na lista das que tomaram dinheiro emprestado do BNDES para comprar jatinhos. Cruzamento feito pela FSB entre os resultados da pesquisa de primeiro turno e votos dados por eleitores a Bolsonaro em 2018 mostra que Huck é o candidato que mais incomoda o presidente: Bolsonaro mantém 59% de seus eleitores e perde 8% para Huck, 6% para Ciro, 5% para Amoêdo, 4% para Doria e 3% para Haddad. Ao contrário de Huck, Doria já mexe ostensivamente suas peças mirando 2022. Em entrevista a VEJA publicada em junho, descartou disputar reeleição estadual (sem assumir ainda que poderá ser candidato a presidente), emplacou um preposto no comando do PSDB, atuou para atrair o deputado Alexandre Frota às hostes tucanas e, dia sim, dia não, busca se afastar do presidente, depois de literalmente vestir a camisa “BolsoDoria” em 2018. Nesta semana, afirmou que “jamais” nomearia um filho para embaixador, petardo direcionado diretamente a Bolsonaro, que, como se sabe, está em uma cruzada para arrumar um emprego para o filho Eduardo Bolsonaro em Washington. Apesar da movimentação, o tucano terá muito trabalho pela frente. Último colocado nos cenários de primeiro turno e derrotado por Bolsonaro (45% a 29%) e Haddad (37% a 33%) no segundo, o tucano ainda não demonstra o potencial eleitoral de governador do estado mais rico e à frente do maior colégio eleitoral do país, mas tem campo para crescer com uma gestão que promete privatizações e chuvas de investimentos estrangeiros. “Falta a Doria mais projeção nacional, e o movimento de se descolar do bolsonarismo mostra, na percepção do eleitorado de centro-direita, oportunismo”, avalia o cientista político Rafael Cortez. Maiores desafios terão os candidatos situados mais à esquerda. Derrotado pelo presidente em 2018, Haddad manteve a segunda posição nas duas simulações de primeiro turno da pesquisa FSB/VEJA. A dificuldade é ampliar seu espectro de votos para além dos fiéis ao PT. A imagem de corrupção associada ao partido também não ajuda. No último dia 20, Haddad foi condenado em primeira instância pela Justiça Eleitoral pela prática de caixa dois na campanha à prefeitura paulistana de 2012. “Será difícil para a esquerda evoluir, especialmente se Bolsonaro entregar algum crescimento econômico”, diz Cortez. Parece distante, mas 2022 é logo ali.
Outro destaque é Luciano Huck. Nos dois cenários testados, com Bolsonaro e sem o presidente, o apresentador recebe entre 11% e 13% das intenções de voto, respectivamente, em um desempenho bem melhor que o de nomes como Doria e João Amoêdo. Por ora, Huck não pretende entrar na disputa, como considerou fazer em 2018. Mas continua engajado no movimento de renovação política Agora! e discutindo os problemas brasileiros em palestras pelo país. Recentemente, afirmou que o governo Bolsonaro é “o último capítulo do que não deu certo”. Cinco dias depois, viu o nome de uma de suas empresas na lista das que tomaram dinheiro emprestado do BNDES para comprar jatinhos. Cruzamento feito pela FSB entre os resultados da pesquisa de primeiro turno e votos dados por eleitores a Bolsonaro em 2018 mostra que Huck é o candidato que mais incomoda o presidente: Bolsonaro mantém 59% de seus eleitores e perde 8% para Huck, 6% para Ciro, 5% para Amoêdo, 4% para Doria e 3% para Haddad. Ao contrário de Huck, Doria já mexe ostensivamente suas peças mirando 2022. Em entrevista a VEJA publicada em junho, descartou disputar reeleição estadual (sem assumir ainda que poderá ser candidato a presidente), emplacou um preposto no comando do PSDB, atuou para atrair o deputado Alexandre Frota às hostes tucanas e, dia sim, dia não, busca se afastar do presidente, depois de literalmente vestir a camisa “BolsoDoria” em 2018. Nesta semana, afirmou que “jamais” nomearia um filho para embaixador, petardo direcionado diretamente a Bolsonaro, que, como se sabe, está em uma cruzada para arrumar um emprego para o filho Eduardo Bolsonaro em Washington. Apesar da movimentação, o tucano terá muito trabalho pela frente. Último colocado nos cenários de primeiro turno e derrotado por Bolsonaro (45% a 29%) e Haddad (37% a 33%) no segundo, o tucano ainda não demonstra o potencial eleitoral de governador do estado mais rico e à frente do maior colégio eleitoral do país, mas tem campo para crescer com uma gestão que promete privatizações e chuvas de investimentos estrangeiros. “Falta a Doria mais projeção nacional, e o movimento de se descolar do bolsonarismo mostra, na percepção do eleitorado de centro-direita, oportunismo”, avalia o cientista político Rafael Cortez. Maiores desafios terão os candidatos situados mais à esquerda. Derrotado pelo presidente em 2018, Haddad manteve a segunda posição nas duas simulações de primeiro turno da pesquisa FSB/VEJA. A dificuldade é ampliar seu espectro de votos para além dos fiéis ao PT. A imagem de corrupção associada ao partido também não ajuda. No último dia 20, Haddad foi condenado em primeira instância pela Justiça Eleitoral pela prática de caixa dois na campanha à prefeitura paulistana de 2012. “Será difícil para a esquerda evoluir, especialmente se Bolsonaro entregar algum crescimento econômico”, diz Cortez. Parece distante, mas 2022 é logo ali.
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