terça-feira, maio 26, 2020

Latam pede recuperação judicial

A Latam pediu recuperação judicial na madrugada desta terça-feira (26). O pedido inclui as empresas do grupo que operam nos EUA, Chile, Peru, Colômbia e Equador. As subsidiárias que atuam em Brasil, Argentina e Paraguai ficaram de fora. Até a noite desta segunda-feira (25), executivos da companhia sinalizavam a integrantes do governo brasileiro que haveria a possibilidade de o pedido ser estendido ao Brasil, mas isso não aconteceu. Se a recuperação judicial for aceita, a Latam deixará de pagar seus credores por um período, com objetivo de reestruturar sua dívida e operações. Mas a empresa continua voando em todos os países em que atua, inclusive naqueles onde o pedido foi protocolado na Justiça. A Latam informou que "todas as passagens atuais e futuras, vouchers de viagem, pontos e benefícios do programa Latam Pass, bem como políticas de flexibilidade, serão respeitados".
Em paralelo, a Latam obteve aval de dois de seus principais acionistas, a família Cueto e a Qatar Airways, para obtenção de um empréstimo de até US$ 900 milhões. No Brasil, a empresa negocia crédito do BNDES. Há cerca de dez das, Latam e as concorrentes Azul e Gol aderiram ao socorro do banco oferecido ao setor aéreo, pelo qual cada empresa teria acesso a uma ajuda de R$ 2 bilhões. Uma das condições é que o dinheiro seja usado em operações no Brasil. Além disso, não pode ser empregado no pagamento de credores financeiros, como detentores de títulos de dívidas ou arrendadores de aeronaves. Em nota, o grupo disse que "está em discussão com o governo brasileiro sobre próximos passos e suporte financeiro às operações brasileiras". O grupo decidiu recorrer à Justiça para pedir proteção contra credores porque, com a pandemia do coronavírus, houve uma queda drástica na demanda. Companhias aéreas vêm buscando o mesmo caminho ou ajuda do governo de seus respectivos países. Há cerca de duas semanas, a colombiana Avianca Holding também pediu recuperação judicial. Nesta segunda-feira, foi aprovado socorro de US$ 9,8 bilhões a Lufthansa. A ajuda inclui a compra de 20% da companhia pelo governo. Em entrevista recente ao jornal O Globo, o presidente da Latam, Jerome Cadier, defendeu atuação rápida do governo e disse que, sem ajuda, o setor aéreo não sobrevive. Mesmo em 2021, previa uma queda da demanda de 30% a 40%. Na semana passada, a agência Fitch rebaixou a nota de crédito da Latam de B- para CC, de grau especulativo. No ano passado, 68% das receitas da Latam no Brasil vieram de voos internacionais, os mais afetados pela pandemia. Na Azul, essa fatia é de 22%, e na Gol, de 12%. Segundo fontes, nos últimos dias a empresa teria iniciado conversas com escritórios especializados em reestruturação.Alguns dos fatores citados no mercado que pesam sobre as operações da companhia são a incerteza quanto à retomada do setor e o impacto das mudanças em decorrência da pandemia.

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