Depois do pastor Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial, que prometia uma falsa cura do coronavírus através da venda de uma semente por R$ 1.000, outro líder evangélico neopentecostal está anunciando um "milagre" contra a doença. Há mais de uma semana o pastor R.R.Soares está anunciando que fiéis de sua igreja, a Internacional da Graça, estão se curando graças a uma água "consagrada" por ele em ritual. Além de ser dono da RIT TV (emissora UHF) e da Nossa TV —uma minúscula operadora de TV paga—, R.R. Soares há décadas ocupa a grade de emissoras como a Band e a RedeTV. Em seus programas o pastor fala das propriedades "milagrosas" de uma oração feita por ele somada à ingestão do copo de água consagrado por ele, enquanto pede doações aos fiéis.
Ele já havia "anunciado" em abril uma oração-comando que curaria o coronavírus, como esta coluna antecipou com exclusividade. Em vídeo, dois assistentes do missionário anunciam as curas em sequência dos fiéis que "acreditaram" no poder da água benta: "Tenho dois casos. José Vicente, pelo You Tube, Ele conta que o Alex Mesquita do Rio de Janeiro estava internado no Rio há 11 dias e recebeu alta", proclama uma moça. "E o segundo?", cobra Soares. "É da Mirna Santos, pelo Facebook. A mãe estava com o vírus, ficou 15 dias no respirador e após a oração ficou curada", segue a assistente. "João Machado, e você tem quantos do Covid, cobra o líder da igreja?" "Tenho seis testemunhos do Covid", responde. "Primeiro", ordena Soares. "Primeiro é Sebastião do Rio de Janeiro. Fazia oito dias que a filha dele estava com Covid, mas depois da oração e do copo com água ela está curada", diz. E segue: "Cosilene (sic) do Rio de Janeiro estava internada com Covid mas ela fez a oração e foi curada". E segue a ladainha de supostos testemunhos de curados pelo milagre do pastor. No vídeo obtido pela coluna (veja acima) não há nenhum testemunho presencial sobre a "cura". São todos relatos em segunda ou terceira mão, do tipo "o cunhado da fulana melhorou". Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), ainda não existe nenhuma cura ou vacina que proteja ou cure as pessoas do coronavírus. Assim como fez no caso de Valdemiro, o Ministério Público Federal vai investigar o caso e pedir a retirada do ar dos vídeos, que estão nos canais da igreja nas redes sociais. Os procuradores também podem acusar Soares de estelionato e prática de charlatanismo, entre outras contravenções. "Não há evidência conhecida de cura da Covid-19 por meio de alguma divindade nem por ingestão ou plantação de feijões mágicos", disse o MPF para fundamentar sua investigação contra Valdemiro. Desde a expansão da pandemia e o início do confinamento, em meados de março, líderes de igrejas evangélicas no Brasil se mostram desesperados porque os cultos foram restritos e as doações e dízimos secaram. Soares, Edir Macedo, Valdemiro Santiago e Silas Malafaia são alguns dos religiosos que, primeiro, menosprezaram a importância e o poder da doença; em seguida passaram a pressionar autoridades a poder retornar com os cultos. Soares veio pedir na TV que fiéis fizessem doações por meio de boletos online. Nos últimos dois finais de semana, por exemplo, Santiago chegou aglomerar mais de 3.000 pessoas em sua sede em São Paulo. As igrejas também pressionaram e conseguiram que TVs como Band, RedeTV e Gazeta baixassem o preço cobrado pelo "aluguel" de horários da programação. (Ricardo Feltrin)
Ele já havia "anunciado" em abril uma oração-comando que curaria o coronavírus, como esta coluna antecipou com exclusividade. Em vídeo, dois assistentes do missionário anunciam as curas em sequência dos fiéis que "acreditaram" no poder da água benta: "Tenho dois casos. José Vicente, pelo You Tube, Ele conta que o Alex Mesquita do Rio de Janeiro estava internado no Rio há 11 dias e recebeu alta", proclama uma moça. "E o segundo?", cobra Soares. "É da Mirna Santos, pelo Facebook. A mãe estava com o vírus, ficou 15 dias no respirador e após a oração ficou curada", segue a assistente. "João Machado, e você tem quantos do Covid, cobra o líder da igreja?" "Tenho seis testemunhos do Covid", responde. "Primeiro", ordena Soares. "Primeiro é Sebastião do Rio de Janeiro. Fazia oito dias que a filha dele estava com Covid, mas depois da oração e do copo com água ela está curada", diz. E segue: "Cosilene (sic) do Rio de Janeiro estava internada com Covid mas ela fez a oração e foi curada". E segue a ladainha de supostos testemunhos de curados pelo milagre do pastor. No vídeo obtido pela coluna (veja acima) não há nenhum testemunho presencial sobre a "cura". São todos relatos em segunda ou terceira mão, do tipo "o cunhado da fulana melhorou". Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), ainda não existe nenhuma cura ou vacina que proteja ou cure as pessoas do coronavírus. Assim como fez no caso de Valdemiro, o Ministério Público Federal vai investigar o caso e pedir a retirada do ar dos vídeos, que estão nos canais da igreja nas redes sociais. Os procuradores também podem acusar Soares de estelionato e prática de charlatanismo, entre outras contravenções. "Não há evidência conhecida de cura da Covid-19 por meio de alguma divindade nem por ingestão ou plantação de feijões mágicos", disse o MPF para fundamentar sua investigação contra Valdemiro. Desde a expansão da pandemia e o início do confinamento, em meados de março, líderes de igrejas evangélicas no Brasil se mostram desesperados porque os cultos foram restritos e as doações e dízimos secaram. Soares, Edir Macedo, Valdemiro Santiago e Silas Malafaia são alguns dos religiosos que, primeiro, menosprezaram a importância e o poder da doença; em seguida passaram a pressionar autoridades a poder retornar com os cultos. Soares veio pedir na TV que fiéis fizessem doações por meio de boletos online. Nos últimos dois finais de semana, por exemplo, Santiago chegou aglomerar mais de 3.000 pessoas em sua sede em São Paulo. As igrejas também pressionaram e conseguiram que TVs como Band, RedeTV e Gazeta baixassem o preço cobrado pelo "aluguel" de horários da programação. (Ricardo Feltrin)
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