Há uma semana, a cabelereira transexual Karla Santos, de 44 anos, entrou com o corpo em chamas no Hospital de Base de Itabuna, pedindo por socorro. Ela foi atacada durante uma conversa com o ex-namorado, o principal suspeito do crime. Além de ter parte do corpo queimado, a vítima teve os rins e o coração comprometidos e precisará fazer cirurgias de enxertos de pele. Por causa da gravidade do caso, a vítima foi transferida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea para o Hospital Geral do Estado (HGE). Já o suspeito, identificado como José Carlos, foi preso em flagrante e segue à disposição da Justiça. Em entrevista ao G1 na sexta-feira (17), a mãe de Karla, Lucinéia Ferreira, disse que a filha está estabilizada. Apesar disso, o estado de saúde dela ainda é grave, principalmente por causa dos rins. “Os rins dela começaram a dar problema e se eles não forem estabilizados, ela corre o risco de precisar fazer hemodiálise”, contou. Parte da pele queimada de Karla já foi retirada pelos médicos e caso a vítima siga estável, na próxima semana, ela passará por cirurgias de enxerto de pele. Isso porque alguns locais foram tão afetados que será necessário retirar a peles de partes saudáveis para colocar nas regiões mais críticas. Preso no dia do crime, o ex-namorado da vítima teve a prisão convertida para a preventiva na terça-feira (14). Ele responderá pelo crime de tentativa de feminicídio. A mãe da vítima contou que recebeu uma mensagem do suspeito nas redes sociais. Segundo ela, o homem disse que ficaria com a cabelereira a qualquer custo. “Ele mandou mensagem para mim dizendo: ‘eu amo sua filha, quero ficar com ela e ninguém vai me impedir’. Isso não é amor, é doença. Quem ama não mata, não bate, não espanca”, disse Lucinéia Ferreira. Entre idas e vindas, a vítima e o suspeito estavam juntos há cerca 20 anos. A mãe nunca foi a favor do relacionamento, que era marcado por agressões físicas e verbais. Certa vez, o suspeito chegou a esfaquear a mão de Karla e ela prestou queixa na delegacia, mas depois retirou. Lucinéia ainda disse que a cabelereira pedia ajuda para se separar de vez do homem. “Ela pediu chorando para mim: ‘socorro mainha, me tire daqui’, dizia que tinha medo. Quando ele ligava ameaçando, coagindo, ela ia encontrá-lo porque ficava com medo dele fazer algo contra ela”, contou. Karla e José Carlos estavam separados há meses, mas mantinham contato. No dia do crime, ele foi até o hospital onde a vítima acompanhava o pai, que está internado, com a justificativa de que queria conversar com a cabelereira. Foi durante a conversa que ele jogou álcool na vítima e depois ateou fogo.
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