RÁDIO ITABUNENSE

quarta-feira, março 05, 2025

Beija-Flor de Nilópolis é campeã do Carnaval do Rio 2025: ‘Laíla vive’

 


A Beija-Flor de Nilópolis se consagrou campeã no Carnaval do Rio 2025. A escola foi a segunda a desfilar na segunda-feira 3 e trouxe à Sapucaí o enredo Laíla de Todos os Santos, idealizado pelo carnavalesco João Vitor Araújo. Tratou-se de uma homenagem ao diretor de carnaval Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla (1943-2021), que morreu por complicações da covid. O último título foi em 2018, conquistando agora sua 15ª vitória. 

A Beija-Flor gabaritou sete dos nove quesitos, recebendo um 9.9 em alegorias e adereços e outro em harmonia. As notas, no entanto, foram descartadas, e a escola fechou com o número máximo de pontos, 270. A disputa pelo troféu foi acirrada. A campeã e a Imperatriz empataram em quase todas a categorias, com a escola de Nilópolis superando nos últimos quesitos. O samba-enredo foi a surpresa na apuração, já que não era favorita no quesito e acabou gabaritando.

Na Passarela do Samba, a agremiação fez história. Além de marcar a despedida de Neguinho da Beija-Flor, interprete oficial da escola, a rainha de bateria Lorena Raissa, 18 anos, entrou grávida na avenida. Com shows de drones formando a imagem do homenageado que marcaram o céu da Sapucaí, muitos apaixonados pelo Carnaval caíram em lágrimas. Muito emocionado, o intérprete mal conseguia falar após a apuração. “Encerrei com chave de ouro. Eu não imaginava. Estava muito difícil. Imperatriz também fez um excelente Carnaval. Laíla mereceu”, disse ele, brincando com o futuro. “Vou repensar a aposentadoria.”

Com a despedida de Neguinho, um reality show deve ser organizado para apontar o provável substituto de uma das mais marcantes vozes da Sapucaí. O samba-enredo foi uma parceria entre Rômulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena. Confira a letra:

Kaô meu velho!
Volta e me dá os caminhos
Conduz outra vez meu destino
Traz os ventos de Oyá
Agô meu mestre
Tua presença ainda está aqui
Mesmo sem ver, eu posso sentir
Faz Nilópolis cantar
Desce o morro de Oyó
Benedito e Catimbó
O alabá Doum
Traz o terço pra benzer
E a cigana puerê
Meu Exu
De copo no palco, sandália rasteira
No chão sagrado toda quinta-feira

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O brado no tambor, feitiço
Brigou pela cor, catiço
Coragem na fala sem temer a queda
O dedo na cara, quem for contra reza

Vencer o seu verbo
Gênio do ouvido perfeito
A trança nos versos
Divino e humano em seu jeito
Queria paz mas era bom na guerra
Apitou em outras terras, viajou nas ilusões
Deu voz à favela e a tantas gerações
Eu vou seguir sem esquecer nossa jornada
Emocionada, a baixada em redenção
Chama João pra matar a saudade
Vem comandar sua comunidade
Óh Jakutá, o Cristo preto me fez quem eu sou
Receba toda gratidão Obá, dessa nação nagô

Da casa de Ogum, Xangô me guia
Da casa de Ogum, Xangô me guia
Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor
Terreiro de Laíla meu griô


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