O sonho de comprar um carro importado zero quilômetro, a preços mais competitivos do que os dos concorrentes nacionais, está se tornando um pesadelo para muitos consumidores brasileiros que adquiriram automóveis da montadora chinesa Chery. O problema, que acontece em Belo Horizonte e em outras capitais brasileiras, já ganhou a internet, os sites de reclamação de consumidores e as páginas de redes sociais como o Facebook, onde compradores publicam fotos dos automóveis que compraram plotadas com as reclamações expondo, principalmente, os problemas que vêm enfrentando para repor peças de seus automóveis novinhos em folha.
A Chery chegou ao Brasil em julho de 2009, mas foi no ano passado que as vendas começaram para valer. De janeiro à segunda quinzena do mês passado, foram 19.333 automóveis vendidos contra 5.500 em igual período do ano anterior. Um crescimento de 251%. Em julho de 2010, a psicóloga Priscila Marra Rodrigues comprou um Face completo, inclusive com banco de couro, por R$ 33 mil, à vista. O veículo compete com nacionais como Fiesta, Corsa e Sandero. "Fiz uma pesquisa de preços e o Face, da Chery, era o que ficava mais em conta. Para fazer o negócio também considerei que a concessionária Chery Beijing dava três anos de garantia, caso o veículo não fosse levado para outra oficina", diz a consumidora. O problema começou quando, apenas com cinco dias de uso, ela bateu o carro novo. Daí em diante foram 100 dias até que a concessionária telefonasse avisando que o veículo estava pronto. A demora ocorreu porque não havia peças para a reposição. Segundo Maria Inês Dolci, coordenadora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), quando o veículo está na garantia, o prazo para sair da concessionária partindo da data de entrada é de 30 dias.
Mas mesmo depois da entrega a novela ainda não tinha terminado. "Entregaram o carro com o capô desalinhado, o farol não funcionava, nem o som, nem o alarme. Trocaram um fusível que estragou sem ter nada a ver com o acidente. Agora, sem o alarme, fico esperando e dando voltas no carro, até que ele resolva abrir. A quina do bagageiro também veio quebrada, o carro voltou sem antena de som, a gavetinha para documentos quebrou e não foi trocada", dispara a consumidora. Segundo informações prestadas pela assessoria de imprensa da Chery ao Estado de Minas, o carro da cliente será trocado por um novo.
Solução A montadora se comprometeu com o jornal a enviar um e-mail informando o prazo para a troca, mas na mensagem enviada disse apenas que, "nesta semana, o gerente comercial da Chery Beijing, Fábio Costa, está em contato com o sr. Tarciso Rodrigues, pai de Priscila Rodrigues, para concluir e solucionar o caso". Procurada outra vez pelo jornal, a assessoria de imprensa confirmou a troca do carro e se comprometeu a enviar o e-mail com as informações por escrito dadas por telefone, mas novamente não cumpriu o prometido. Segundo o supervisor de pós-vendas da Chery Beijing, Erick Merllo, o veículo será de fato trocado. "A colisão foi forte e algumas peças não estavam disponíveis no Brasil. A importação leva tempo, dependendo da situação. Por ser um veículo sinistrado, as peças não estão no estoque. Mas o veículo será trocado pela Chery. Só sei isso."
Segundo a montadora chinesa, no entanto, o pós-venda é prioridade da Chery no Brasil. "Toda a programação de pedidos da Chery Brasil para a Chery China é feita para que as peças cheguem quinzenalmente ao país. Só em setembro, o Centro de Distribuição de Peças da Chery Brasil recebeu 21 contêineres de peças. No início de dezembro, a Chery alcançou um índice de 90% de atendimento imediato de peças no país. Isso coloca a Chery em um patamar de destaque entre as empresas importadoras. Além disso, a montadora quadriplicou nos últimos meses o volume de peças, o tamanho de seu depósito e sua disponibilidade de atendimento à rede de concessionárias."
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