segunda-feira, dezembro 12, 2011

Eleitor decide não dividir o Pará em três

No primeiro plebiscito da história do Brasil sobre a divisão de um Estado, a população do Pará disse não à proposta. Por volta das 22h, quando 98% dos votos já estavam apurados, 66,6% haviam rejeitado a criação de Carajás e 66% descartaram o Estado de Tapajós. O resultado vai representar uma economia de R$ 2,8 bilhões em custeio e manutenção da máquina pública, sem contar a construção de palácios e prédios para abrigar as novas burocracias, o que poderia elevar a conta a cerca de R$ 3,8 bilhões.

Com um elevado índice de abstenção (um em cada quatro eleitores não compareceu às urnas), 3,5 milhões de paraenses votaram. Em Belém, a população decidiu maciçamente contra a divisão. Com 99,96% dos votos apurados na capital, 94,87% dos eleitores haviam votado contra Carajás e 93,88% contra Tapajós. Apenas cerca de 11% escolheram dividir o Estado. Nas áreas separatistas, porém, o eleitor votou pela divisão. Em Santarém, 98,63% votaram pela criação do Estado de Tapajós e 97,78% pela criação de Carajás. Em Marabá, 93,26% dos eleitores votaram sim para Carajás e 92,93% para Tapajós.

Se aprovada, a divisão reduziria o Pará a 17% do seu território. Tapajós e Carajás, por sua vez, ocupariam 56% e 27% da área do Estado. Embora o plebiscito tenha mantido os contornos originais, o Pará não será mais o mesmo depois dele. Integrantes das duas frentes ("sim" e "não") acreditam que o governador Simão Jatene (PSDB) deverá conduzir um pacto da sociedade das regiões emancipacionistas com os políticos do Estado. "Não dá para ignorar que a decisão da maioria dos paraenses não torna ilegítimos o anseio e a necessidade da minoria. Existem interesses legítimos da população destas regiões por uma vida melhor. O problema não é a diferença, que tempera, mas a desigualdade, que machuca", disse Jatene.

O objetivo do pacto é unir as correntes que se enfrentaram contra a Lei Kandir, que isenta do pagamento de ICMS todo produto destinado à exportação, o que faz com que o Estado receba pouco dinheiro apesar de abrigar a maior reserva de bauxita do mundo e outras minerações. "A mineração representa 35% das exportações do Pará. Somos grandes produtores de energia, temos uma extensa área de floresta, mas somos o 26º menor orçamento per capita do Brasil", reclamou Jatene, acentuando que o plebiscito deve ser um aprendizado para todo o País.

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