segunda-feira, julho 27, 2009
JORNAL x jornalzinho - Marcos Pennha
Na última sexta-feira, 24 de Julho de 2009, o Diário de Ilhéus completou dez anos de existência. Isso é muito bom, pois se ele não existisse a baiana cidade Ilhéus não teria um jornal diário. Na vizinha Itabuna, tem dois diários (Agora e Diário Bahia) e dois semanários (A Região e o novato Bahia Hoje).
É preciso saber diferenciar JORNAL de jornalzinho. No expediente de um JORNAL constam: Diretor-Geral, Editor, Conselho Editorial (jornalistas) e colaboradores. O JORNAL, normalmente, tem gráfica própria, o que lhe assegura a periodicidade regular. O JORNAL preocupa-se com a prospecção dos fatos e se constitui em voz dos anseios da população.
No expediente do jornalzinho constam: Diretor-Geral, Editor-chefe, jornalista responsável, diagramação e a gráfica que o imprime. Interessante o termo composto editor-chefe, quando só se tem um caderno com algumas páginas, bem como jornalista responsável, que leva a crer que é (são) irresponsável (eis) outro (s) jornalista (s), se houver.
O que diferencia o JORNAL do jornalzinho não é a quantidade de páginas, nem a periodicidade; e sim os seus respectivos compromissos. Entenda. No jornalzinho, só quem ganha um dinheirinho é o dono do veículo, o diagramador e a gráfica. O restante da equipe é formado por colaboradores de nome (jornalista com DRT), de textos (colunistas) e de dinheiro (anunciantes).
No JORNAL, as empresas anunciam, porque querem o retorno de suas propagandas. No jornalzinho, não há anunciantes. Há empresas que, por consideração pessoal ou livre e espontânea pressão, dão uma colaboraçãozinha, já que é sabido que não há retorno financeiro ao anunciar num veículo feito para agradar apenas a um pequeno grupo.
O dono de um JORNAL comparece nos eventos, sempre convidado, com a finalidade precípua de cobri-los, jornalisticamente. O dono do jornalzinho comparece, normalmente, na ânsia de encontrar algum colaborador monetário. Num JORNAL, há os impressos próprios de autorizações de publicidade, onde se formaliza o contrato de anúncio. No caso dos jornaizinhos, o ‘contrato’ é feito verbalmente. Às vezes essa “formalização de ‘boca’ “ acontece até na rua.
A bem da verdade, o JORNAL existe para cobrir os fatos importantes de uma cidade, que sejam de interesse da comunidade. Em Ilhéus, por exemplo, carece de mais JORNAIS. Existem muitas notícias que precisam ser discutidas e esclarecidas para a população, a exemplo do complexo intermodal Porto Sul. Não é tão fácil fazer JORNAL. Para fazer jornalzinho, no entanto, basta que se tenha um cara-de-pau, prospectador de colaboraçõe$zinhas e alguém que saiba copiar e colar. Como diz a OI: “simples assim”. Não se pode cometer a responsabilidade de dizer que isso não é jornal. É sim. Acéfalo, mas é. Existe a história do sujeito que, dirigindo-se ao jornaleiro, perguntou: “Qual o preço desse jornalzinho?” O jornaleiro respondeu: “Dois reais”. O cara disse: “Mas aqui tá escrito um Real”. O jornaleiro deu uma risadinha e falou: “E você ainda acredita em tudo que se escreve em jornalzinho?!”
Contatos com o autor: marcospennha@gmail.com
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