sexta-feira, julho 31, 2009
Na Bahia, Chico Bento de boca suja
Uma revista distribuída a professores da rede pública pela Secretaria de Educação da Bahia contém uma tira em que o personagem Chico Bento, num diálogo adulterado, usa linguagem chula.
Primeiro, um menino fala: “Meu pai tem 800 cabeças de gado”.
E Chico Bento responde: “Fala para ele enfiar tudo no c”.
A história está na página 51 da revista “Viva!”, uma coletânea de experiências pedagógicas de escolas baianas que tem como objetivo ser vir de apoio aos professores da rede estadual.
O secretário de Educação, Adeum Sauer, faz parte do conselho pedagógico da publicação.
Segundo Adeum, dez mil exemplares de “Viva!”, da tiragem de 60 mil, já tinham sido distribuídos quando o problema foi constatado. A secretaria decidiu então cobrir a frase chula com um carimbo e prosseguiu na entrega do restante.
Adeum afirma que o erro inicial foi cometido pela diagramadora da revista, uma funcionária terceirizada. A tira foi selecionada para ilustrar uma reportagem sobre o programa “Letramento com Prazer: Chico Bento em ação”, desenvolvido pelo Colégio Estadual Professora Felicidade de Jesus Magalhães.
— A revista circulou só entre professores.
Nenhum aluno recebeu. Os professores são inteligentes o suficiente para deduzir que foi um erro. Não teve consequência nenhuma — diz o secretário.
A tira, com o diálogo já adulterado, teria sido copiada de um site na internet. Em sua versão original, disponível no site da Maurício de Sousa Produções, a conversa tem um desfecho bem diferente: o garoto diz: “Meu pai tem 800 cabeças de gado. E o seu?”. Chico Bento responde, com seus característicos erros de português: “O meu pai só tem um boi, mais (sic) ele tá inteirinho”.
Procurado pelo GLOBO, Maurício de Sousa não foi localizado.
No Instituto Maurício de Sousa, presidido por sua filha, Mônica, a reação foi de surpresa e revolta.
Adeum afirma que os professores baianos gostaram da revista e que o caso da tira de Chico Bento só ganhou repercussão após ser denunciado pelo précandidato a governador Paulo Souto, que faz oposição ao governo de Jaques Wagner.
— É interesse político-eleitoreiro. A repercussão negativa que poderia ter era entre os professores, e eles só mandaram parabéns. É como se fosse um erro de grafia.
Não tem nada a ver com o conteúdo.
A revista foi distribuída durante a jornada pedagógica promovida pelo governo em fevereiro. O objetivo é difundir práticas que ajudem a melhorar o aprendizado.
Procurada pelo GLOBO, a Secretaria de Educação da Bahia enviou um exemplar da revista à redação do jornal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário