terça-feira, maio 24, 2011

Linguista: educadores acham que falar certo é falar 'rebuscado'


Um livro didático distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) para alunos de educação de jovens e adultos (EJA) causou polêmica por trazer frases como "Posso falar 'os livro'? Claro que pode". O trecho ganhou os holofotes durante essa semana e foi considerado como um "incentivo ao erro" por muitos críticos. Porém, há quem levante a bandeira da variedade linguística para defender a obra e sua aplicação.
"O problema é que muitos educadores acham que falar certo é falar rebuscado. Mas o falar adequado se dá no momento que seu receptor o compreende. Tente falar na norma culta em qualquer ambiente que não seja o educacional. Você vai ser taxado de esnobe", diz Ernani Pimentel, autor do livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O escritor considera a polêmica infundada.
Segundo Pimentel, o dever da escola é educar para a norma padrão do português, mas isso não significa que as diferenças entre modos de falar devam ser ignoradas. "Eu preciso ensinar o aluno a usar smoking, mas nem sempre ele vai poder usar esta vestimenta. Em algumas situações, ele usará sunga, bermuda ou calça jeans, para que seja bem entendido", compara. Para ele, o trecho priorizou exatamente isso, já que introduziu somente no primeiro capítulo as "vestimentas" informais, para depois se ater à norma culta. "Não existe o certo e o errado quando se trata de fala, e sim o adequado e o inadequado. Falar bem é ser bem entendido", afirma.

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