sábado, novembro 26, 2011

Dilma: Brasil não deve temer crise

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que a crise europeia "não acaba em um ou dois anos". Segundo ela, porém, o momento negativo na economia mundial abre oportunidades e o Brasil não deve se "atemorizar" diante da instabilidade global.

"É certo que a Europa ficará ao menos um ou dois anos em crise e que os Estados Unidos também não estão em situação muito favorável", disse. "Ao mesmo tempo temos de ter consciência de que crise também é uma oportunidade, e o Brasil está diante de várias oportunidades", disse Dilma.

De acordo com a presidente, o Brasil não pode se amendontrar por conta do cenário econômico internacional. "Não podemos nos atemorizar e parar de consumir e produzir. Ao contrário. Temos de garantir que o setor privado continue investindo e a população brasileira siga consumindo e precisamos avançar na melhora da qualidade do serviço público", afirmou. "O posto de quinta potência econômica mundial está cada vez mais claro", acrescentou Dilma, durante visita ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), no Rio de Janeiro.

A presidente Dilma também voltou a defender ontem que a crise deve ser enfrentada com crescimento econômico e geração de empregos e declarou que as vagas geradas no Brasil serão mantidas no país, e que o governo não permitirá a "exportação" de postos de trabalho. "Nós não vamos permitir no Brasil que se exporte empregos para fora", disse Dilma em Niterói, durante cerimônia de entrega de navio construído no Rio de Janeiro. "Nós não vamos transferir empregos para outros países. Os empregos gerados pelo Brasil serão mantidos no Brasil, isso é igual a conteúdo nacional", acrescentou.

Em seu primeiro ano de governo, Dilma lançou diversas medidas para proteger a indústria nacional e os postos de trabalho criados por ela, diante de um cenário de crise internacional, crescente disputa por mercados e aumento de importações.

ESTÍMULOS Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a crise europeia vai se agravar, mas que existem instrumentos para combatê-la, voltando a cobrar mais ações das autoridades da Europa. "(A Europa deveria) usar mais o Banco Central Europeu (BCE) como emprestador de última instância", afirmou o ministro, Mantega disse que o governo continuará fazendo "a legítima defesa do mercado brasileiro a brasileiros", ressaltando que o mercado interno é importante no combate aos reflexos da crise internacional. O ministro ainda afirmou que haverá medidas para favorecer o setor têxtil no país, e que deverão ser anunciadas ainda neste ano.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, declarou que, apesar de a crise internacional preocupar o governo, as autoridades da administração federal vão tomar medidas, caso elas sejam necessárias, para evitar qualquer "excessiva" desaceleração do nível de atividade.

Análise da notícia

Faca de dois gumes

Tetê Monteiro
Ao mesmo tempo que a presidente Dilma defende que os brasileiros não parem de consumir, seguindo claramente a posição adotada pelo ex-presidente Lula durante a crise de 2009, o Planalto deve colocar a barba de molho, pois consumo alto sem investimento no setor produtivo resulta em inflação, que, aliás, continua persistente e incômoda se comparada às taxas que o país vinha alcançando nos últimos anos. O incentivo ao consumo final deve vir atrelado ao da produção. Caso contrário, o tiro pode sair pela culatra.

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