A equipe econômica do governo espera uma ajuda do Produto Interno Bruto (PIB) de 2010 para o crescimento da economia brasileira este ano. Com a ajuda do ano passado, o PIB não seria inferior a 3% neste ano, segundo meta informal e determinação do governo.
O avanço de 7,5% do PIB em 2010 deve ser revisto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 7,7% ou 7,8%, de acordo com avaliações da área econômica. Essa revisão seria decorrente de um melhor desempenho da atividade no quarto trimestre do ano passado. Se essa expectativa for confirmada, a reestimativa vai impulsionar o PIB de 2011 pelo efeito estatístico do "carry over", avaliam os técnicos do governo.
Nos próximos dias, o IBGE divulgará dois dados importantes para o acompanhamento da atividade econômica - o resultado do PIB no terceiro trimestre deste ano (quando historicamente se revisa o PIB do ano anterior) e a revisão das Contas Nacionais dos últimos anos (prevista para hoje, contemplando o PIB de 2004 a 2009)
O PIB de julho a setembro deste ano deve apontar uma variação próxima a zero (entre -0,1% e 0,1%) na comparação com o segundo trimestre, de acordo com projeções do mercado. O governo considera que o resultado será ruim, mas não crê em crescimento negativo. A revisão das Contas Nacionais, por sua vez, é tida como "trunfo" pela equipe econômica, embora as fontes ouvidas esclareçam que o IBGE ainda não concluiu seus cálculos.
Segundo uma fonte, existem indicações de que o resultado do quarto trimestre do ano passado foi mais aquecido do que o avanço de 0,7% divulgado pelo IBGE na comparação com o terceiro trimestre de 2010. Por ser todo concentrado no último trimestre do ano passado, a revisão do PIB produzirá um carry over (ou um "arrasto estatístico", no jargão dos economistas) maior para 2011.
Inicialmente, o carry over legado de 2010 para 2011 foi de 1,3%. Isso significa que o PIB de 2011 cresceria ao menos 1,3% caso registrasse crescimento zero nos quatro trimestres do ano. Esse efeito estatístico ocorre apenas de um trimestre para o outro, e somente influi o resultado de um ano para o outro quando o avanço é observado nos últimos três meses do ano.
Em 2009, quando a economia caiu 0,6% devido ao contágio da crise mundial, o carry over para 2010 foi muito elevado, de 3,6%, porque o quarto trimestre registrou forte aceleração.
Bancos, como o Credit Suisse, e consultorias, como a LCA Consultores e a Quest Investimentos, trabalham com um avanço do PIB de 2,8% a 2,9% para este ano. O mercado como um todo está com um avanço médio de 3,16%, segundo o mais recente Boletim Focus, colhido pelo Banco Central.
Para Fábio Ramos, economista da Quest Investimentos, a possível revisão do PIB de 2010, concentrado no resultado do quarto trimestre, influi no carry-over para 2011, mas não no resultado do ano. Para Ramos, o carry over para 2011 chegaria a 1,7%, caso se confirmasse uma alta do PIB de 2010 entre 7,7% e 7,8%, concentrada num avanço do quarto trimestre - que, por seu turno, passaria do crescimento de 0,7% registrado originalmente na comparação com o segundo trimestre, para uma alta de 1%.
"Mas este efeito seria dissipado estatisticamente ao longo do ano, uma vez que o resultado do PIB é a comparação da atividade, pelo lado da oferta, de um ano contra o outro", diz Ramos, "então se a base (2010) aumenta, o numerador (2011) fica menor".
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