Para quem pensava que um conhecido traficante jamais iria admirar policiais, autoridades ou governantes, a entrevista exclusiva dada por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, a repórter da revista Época, Ruth de Aquino, pode deixar alguns, no mínimo, surpresos. Nada de ditadores, jogadores de futebol ou cantores. O ídolo de um dos maiores chefões do crime do Rio de Janeiro é o “cara”. Questionado pela jornalista sobre quem ele admirava, Nem declarou que o ídolo dele é Lula.
“Adoro o Lula. Ele foi quem combateu o crime com mais sucesso. Por causa do PAC da Rocinha. Cinquenta dos meus homens saíram do tráfico para trabalhar nas obras. Sabe quantos voltaram para o crime? Nenhum. Porque viram que tinham trabalho e futuro na construção civil”, explicou
Além de elogiar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e parabenizar o ex-presidente por ter tirados homens dele do crime, Nem ainda revela que “um dos caras mais inteligentes” que conheceu é ninguém menos que seu ‘arquirrival’, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. “Se tivesse mais caras assim, tudo seria melhor. Ele fala o que tem de ser dito. UPP não adianta se for só ocupação policial. Tem de botar ginásios de esporte, escolas, dar oportunidade. Como pode Cuba ter mais medalhas que a gente em Olimpíada? Se um filho de pobre fizesse prova do Enem com a mesma chance de um filho de rico, ele não ia para o tráfico. Ia para a faculdade”, afirmou.
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