Conhecida como a viúva da Mega-Sena, Adriana Almeida, 34 anos, foi absolvida, por volta das 2h de ontem, pelo Tribunal do Júri, em Rio Bonito. Por maioria de votos, os jurados entenderam que não havia provas suficientes para condená-la pela morte de Renné Senna, dono de uma fortuna de R$ 52 milhões. Caso o Ministério Público não consiga reverter a decisão, começa uma nova disputa pela herança do ex-lavrador, que hoje pode chegar a R$ 100 milhões.
Os outros três acusados de participação no crime também foram inocentados. “Julgo procedente o pedido para absolver os quatro acusados por ausência de provas”, comunicou a juíza Roberta dos Santos Braga Costa.
A promotora Priscila Naegele Vaz já recorreu. “Renné assinou sua sentença de morte ao dizer que a retiraria do testamento. Adriana não aguentava mais viver com Renné. Ela se apaixonou por Robson, mas não queria abrir mão dos R$ 52 milhões. Ela contratou Anderson para matá-lo”, garante.
Caso o recurso não seja aceito, Adriana dará entrada em ação para receber a herança. Pelo testamento, a viúva tem direito a metade da fortuna, bloqueada pela Justiça.
Os demais absolvidos comemoraram muito. “Vou contar para a minha filha a história de cabeça erguida”, disse Janaína Oliveira. “Estou aliviado, mas muito revoltado por ter passado quase 2 anos preso”, desabafou o PM Marco Antonio Vicente, defendido por Flávio Fernandes e Fernando Santana. “Estou feliz porque minha inocência foi provada, mas triste por tudo que passei”, disse o PM Ronaldo Amaral, representado pelo defensor público Jorge Costa.
O resultado surpreendeu até a família da viúva, que considerou o resultado um “milagre divino”. “Quero ver o título da matéria. Quero ver publicado que minha filha foi absolvida”, disse a mãe, Creusa Ferreira.
Família de Renné quer anular julgamento
A absolvição de Adriana revoltou a família de Renné, que quer a anulação do julgamento. “A decisão foi absurda. Renata está revoltada, mataram o pai dela”, afirmou Marcus Rangoni, advogado da filha de Renné. Ele atuou como assistente de acusação.
Os irmãos do ex-lavrador não conseguiram dormir após deixarem o Fórum de Rio Bonito. “Vamos correr atrás de outro advogado. Segunda-feira dou início ao processo para tentar reverter essa palhaçada. Nossa sensação é que não existe Justiça. Quero ver aquela mulher atrás das grades”, afirma Ângela Senna, irmã de Renné.
Ela conta que a família está arrasada desde a morte do ex-lavrador, em 2007: “A gente ainda se reúne nas datas festivas, mas não conseguimos mais sorrir. Sentimos muita falta dele”.
“Esse julgamento não deveria ter sido feito numa cidade pequena. As testemunhas e o júri se sentiram coagidos. Se houvesse a condenação, os culpados sairiam da cadeia em 7 anos. E depois, poderiam se vingar”, opina Elsio da Conceição, irmão de Renné.
Adriana quer reabrir investigação
Adriana agora quer saber quem matou Renné. O advogado da viúva, Jackson Costa, defende que se investigue a filha do ex-lavrador, Renata Sena; o genro, Otávio; e a ex-mulher do milionário, Malvínia.
As teses de Jackson derrubaram as do Ministério Público que, para os jurados, não conseguiu provar a culpa da viúva. Confira os argumentos de cada lado.
SEGUNDO A ACUSAÇÃO
Adriana afirmou que não tinha contato com o ex-PM Anderson Sousa, condenado pela execução. Histórico dos telefonemas dela mostra que se falaram 3 vezes no dia do crime.
A viúva disse primeiro que sabia da vontade de Renné de excluí-la do testamento. Depois, em novo depoimento, negou isso.
SEGUNDO A DEFESA
A polícia ignorou outras linhas de investigação. Renata teria motivos para matar o pai, que queria exame de DNA para provar a paternidade.
Um irmão de Renné teria clonado o cartão bancário do milionário para sacar R$ 30 mil.
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