O governo blindou ontem o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e impediu sua convocação pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara por 13 votos a 5.
A oposição tentou convocar o ministro para falar sobre denúncias de suposto tráfico de influência e intermediação de clientes atendidos por sua empresa de consultoria, a P-21, em 2009 e 2010, que fecharam contratos com a Prefeitura de Belo Horizonte.
A estratégia do Planalto de privilegiar o petista desagradou aos parlamentares de outros partidos da base aliada.
Desde o escândalo envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci, também por conta de atividades de consultoria e suspeita de enriquecimento ilícito, a ordem da presidente Dilma Rousseff era para que os ministros alvo de denúncias fossem ao Congresso se explicar. Dessa vez, o governo lançou mão de sua ampla maioria para evitar a convocação.
"Querem discutir a vida pregressa de um ministro que não ocupava cargo público. Isso aqui vai virar o que a gente não quer que vire: vamos fazer pequenas CPIs de questões municipais e estaduais não relacionadas com a União", argumentou o deputado Eduardo Cunha (PMDB).
"Os ministros virão na hora que a gente quer, do jeito que a gente quer", decretou o peemedebista. "O ministro não está se furtando a dar explicações. Essas explicações estão nos mesmos jornais que trazem denúncias, que são da vida privada do ministro", disse o deputado Odair Cunha (PT).
Insatisfeitos com o tratamento dado a seus ministros, parlamentares do PDT, PC do B e PP preferiram se ausentar da votação da comissão durante a análise do requerimento do PSDB com o pedido de convocação de Pimentel. Foi essa mesma comissão que aprovou nos últimos meses requerimentos da oposição para que fossem ouvidos ministros envolvidos em escândalo, como Carlos Lupi (PDT) e Orlando Silva (PC do B). Na semana que vem, o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), vai depor na comissão.
Na avaliação da oposição, a blindagem do ministro está relacionada com o fato de Pimentel ser "da cota pessoal da Dilma". "Eles são amigos de longa data, por isso mesmo não pode pairar sobre ele nenhuma suspeição. Não há como separar sua vida pública da privada", afirmou o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP). "Se o Pimentel não vier aqui e não se explicar, a presidente deve se desculpar com o Palocci e o trazer de volta para o governo", continuou o tucano.
Os tucanos protocolaram ontem representações na Comissão de Ética Pública da Presidência e no Ministério Público Federal do DF pedindo investigações sobre os negócios Pimentel.
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