A disputa entre duas empresas concorrentes que oferecem o serviço de pedalinhos da Lagoa Rodrigo de Freitas pode ter sido a causa do incidente, sábado à noite, em que uma embarcação afundou e três pessoas quase se afogaram. Após o naufrágio, o Corpo de Bombeiros determinou a proibição dos passeios de ambas as empresas, justamente na época em que eles têm mais procura, por causa da Árvore de Natal da Lagoa. A atração só será liberada quando a Polícia Civil concluir inquérito aberto na 15ª DP (Gávea).
Há suspeitas de que o pedalinho que afundou, da empresa Little Boat, tivesse rachaduras, o que teria feito com que água entrasse nele durante passeio do casal de namorados Rodrigo Guilherme da Silva Moraes, 19 anos, e Letícia Graziela da Silva Araújo, 16. Os jovens quase se afogaram, assim como o operador de empilhadeira Wellington Frazão, 27, que se jogou na água para tentar ajudar.
O dono da Little Boat, Paulo Villasboas, acusa funcionários da concorrente, a Klein, de bater em seus pedalinhos quando estão na água, para danificá-los: “Já vi diversas vezes eles baterem nas minhas embarcações. O material do pedalinho é à base de fibra e não aguenta muitas pancadas”.
Ele, porém, também afirmou ontem que seus 36 pedalinhos estão em perfeitas condições e recebem vistoria anual da Capitania dos Portos. E chegou a acusar os namorados: “Estavam os dois de um lado só quando afundaram. Pedi que cada um ficasse de um lado”.
O dono da Klein, Harri Klein, acusa a Little Boat de não ter licença para funcionar: “Todos os documentos que tenho do Corpo de Bombeiros, eles não têm. Nossa empresa tem salva-vidas e três lanchas para emergência, já a deles só conta com uma lancha, sem nenhum profissional ”.
As duas cobram o mesmo preço e funcionam no mesmo horário, de 9h à 1h.
Sem pedalinho, um domingo de decepção para cariocas e turistas
O domingo de sol levou à Lagoa diversas famílias em busca de lazer. Sem os pedalinhos funcionando, alguns cariocas e turistas ficaram decepcionados. Muitos desistiram antes de descer do carro. “Quando digo que o pedalinho está interditado, as pessoas dão meia volta. Pela manhã, umas 30 pessoas desistiram”, explicou a atendente do estacionamento da Lagoa, Fernanda Louise, 25 anos.
O jeito foi mudar os planos: “Vamos andar de bicicleta e fazer piquenique, já que não vamos poder passear na água”, contou o administrador Mário Venceslau, 50.
Sem saber quando o serviço será liberado, um casal de turistas espanhóis, que chegou ontem ao Rio para passar o Natal, teme não poder ver a Árvore da Lagoa de perto. “Uma atração tão bonita merecia ser admirada de perto. É uma pena não podermos vê-la melhor”, lamentou Fernanda Fernandes, 35 anos.
Casal entrou em pânico e rapaz que tentou ajudar ficou preso no lodo
A delegada da 15ª DP (Gávea), Alessandra Leal, instaurou inquérito. “Assim que os bombeiros içarem a embarcação do fundo da Lagoa, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli fará perícia”, disse ela. O Corpo de Bombeiros fará fiscalização esta semana.
O casal estava no pedalinho, a 300m da margem, quando percebeu que entrava água. Rodrigo e Letícia pularam imediatamente. Eles usavam coletes salva-vidas, mas ficaram em pânico. Wellington, que estava na margem, se jogou na água para tentar ajudar. Segundo parentes dele, foi impossível nadar por causa do lodo e ele quase se afogou. “Estávamos olhando a Árvore, quando gritaram que o pedalinho estava afundando. O Wellington entrou na água mas logo perdeu as forças por causa do lodo”, contou a cunhada do rapaz, Rosana Ximenes. O casal acabou socorrido por funcionários da Little Boat. Wellington foi levado ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, e recebeu alta ontem de manhã. (Colaborou Flávio Araújo)
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