Enfrentando problemas de atraso, investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) e denúncias de abandono, a transposição do São Francisco foi defendida ontem pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Ele saiu em defesa da obra – uma das mais caras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – após matérias no jornal Estado de São Paulo, que mostrou vários trechos do projeto com placas de concreto se desprendendo do chão. Em entrevista à Rádio Jornal, o ministro disse que é comum ocorrerem rachaduras nas placas de concreto.
A reportagem do Estado de São Paulo mostra três trechos da transposição com aparência de abandono exatamente por causa do descolamento das placas. "Isso é comum de ocorrer em construção de canais, sobretudo nos voltados para irrigação. Quando não se coloca água, o sol quente provoca as rachaduras. É comum e já há previsão nos contratos para reposição dessas placas. Vamos enfrentar essa realidade até encher o canal. Mas ninguém vai pagar duas vezes", assegurou o ministro.
Através de nota oficial, o Ministério reiterou que não haverá custo adicional para substituição das placas. Em outubro, segundo a nota, as empresas responsáveis pelas obras dos lotes 9, em Floresta, e 10, em Custódia, já haviam sido notificadas sobre o estado de deterioração dos serviços.
No lote 10, são 500 metros de placas "com descolamento", dos 15.000 totais do trecho. No lote 9, explicou o Ministério, "não há deslocamento das placas, apenas fissuras superficiais". "Com a conclusão dos ajustes contratuais, o lote 10 deverá retomar as obras em janeiro próximo e o lote 9 deverá ser retomado em fevereiro de 2012", acrescentou a nota oficial.
O terceiro trecho com problemas é o 11, também em Custódia. Sobre esse, o Ministério afirmou que em janeiro do próximo ano a construtora responsável pelo lote iniciará "a recuperação de 385 metros de descolamento de placas". A previsão de entrega do empreendimento – cuja primeira versão projeto foi pensada na época do monarca Dom Pedro II – foi postergada. O anúncio dos novos prazos foi feito em agosto deste ano. O Eixo Leste, com 220 quilômetros (km), ficará pronto em 2014.
Já o Norte, com 402 km, será concluído no final de 2015. O novo cronograma surgiu após problemas nos projetos de seis lotes, que estão parados atualmente.
"Desde que chegamos no Ministério relatamos as dificuldades nas negociações com os consórcios em relação a fragilidade dos projetos básicos, qualidade do solo, distâncias das jazidas, todas essas dificuldades encontradas em campo. A ideia é licitar os saldos remanescentes e obras complementares até o mês de fevereiro de 2012", declarou Bezerra Coelho. Quando concluída, a transposição beneficiará 10 milhões de nordestinos com abastecimento de água.
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