Com férias previstas para os 10 primeiros dias de janeiro, a presidente Dilma Rousseff pretende usar o descanso para redesenhar o organograma da Esplanada. Depois de perder sete ministros, ela deseja montar uma equipe mais confiável e robusta – mas enfrenta pressão e disputas entre aliados.
Nas últimas semanas, a presidente tem conversado com líderes partidários e auxiliares de sua confiança. Um de seus mais frequentes interlocutores tem sido o empresário Jorge Gerdau, um crítico contumaz do inchaço da máquina. Embora simpatize com as ideias de Gerdau, manifestando interesse na fusão de pastas e extinção de ministérios, Dilma teme a reação da base.
– A presidente quer uma gestão mais eficiente. O problema é como fazer isso sem irritar os aliados – afirma um assessor palaciano.
O PDT, por exemplo, decidiu ontem montar uma comissão para negociar com Dilma o espaço na Esplanada. Segundo o presidente interino da legenda, deputado André Figueiredo (CE), a sigla apoia o governo mesmo sem cargos, mas espera convite da presidente nesta semana para conversar. O deputado Brizola Neto (RJ) ressalta:
– A decisão é da presidente. Só podemos indicar nome para uma pasta ou outra se ela pedir. O partido reafirmou que apoia, independentemente do que se colocar de espaço para a gente.
Por conta das demissões nos últimos meses, Dilma já se viu livre do convívio com vários ministros, a maioria herdados de Lula e com os quais jamais simpatizou. Após as dispensas por questões éticas, ela agora busca trocar os auxiliares com gestão fraca ou falta de respaldo político.
O descontentamento com o desempenho de alguns ministros é tamanho que a presidente sequer os recebe para audiências, preferindo discutir os programas de cada pasta com os secretários executivos. Há casos também em que o titular sequer tem autonomia. Mário Negromonte (Cidades), por exemplo, não toma uma decisão sem o aval de Miriam Belchior (Planejamento).
Dilma não dá pistas de como pretende conduzir a reforma. Na última semana, um esboço preparado pelo PT chegou a circular por alguns gabinetes. Nele, os ministérios do Trabalho e da Previdência seriam fundidos e entregues ao PP. A pasta dos Transportes iria para o PMDB, que cederia o Turismo ao PR. O PDT ficaria com a Agricultura e o PT, com as Cidades. Essa dança das cadeiras teria sido desautorizada por Dilma.
– A presidente já tem na cabeça as áreas que precisam melhorar, mas quer fazer uma avaliação mais detalhada para evitar os desgastes – confidencia um auxiliar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário