Futuro ministro da Defesa, o governador Jaques Wagner (PT) cumpriu, nesta segunda-feira, 29, o seu último ato administrativo antes da transmissão do cargo para o sucessor Rui Costa (PT), no dia 1º de janeiro, ao receber o primeiro relatório da Comissão Estadual da Verdade na Bahia (CEV-BA). Wagner disse que a revisão da história é um processo irreversível, mas alertou que a defesa da democracia deve ser feita com coragem e parcimônia, porque "a democracia está sempre sendo ameaçada". Ele sugeriu que em 2015 haja uma grande comemoração nacional pelos 30 anos ininterruptos de vigência da democracia no Brasil. O governador recebeu dos integrantes da comissão a proposta de revogação ou reinterpretação da Lei de Anistia e a punição para torturadores e responsáveis pelo sumiço e ocultação de cadáveres durante o regime militar (1964-1985). Mas preferiu não se comprometer, dizendo que a questão não está no âmbito do Ministério da Defesa. Comparando a Defesa, pasta que comanda as Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), a um transatlântico - "portanto não admite cavalo de pau" -, o futuro ministro se valeu de uma metáfora para dizer que a "água suja" deixada pela ditadura pode ser lavada de duas maneiras: derramar a água e colocar água nova, ou ir colocando água limpa devagar até a água suja ir clareando por completo. "E todo mundo que me conhece sabe que meu jeito de tocar as coisas é da segunda forma", disse o governador, reconhecendo, por outro lado, ser esta uma maneira "mais sofredora" para os parentes e os amigos dos que morreram e desapareceram.
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