A condução da montagem do primeiro e do segundo escalão do governador Rui Costa (PT), que tem sido articulada pelo secretário de Relações Institucionais do Estado, Josias Gomes, anda provocando algumas polêmicas, e, curiosamente, entre aliados do próprio partido. Algo que não parece inquietar o presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, que disse desconhecer tais manifestações. Nos bastidores políticos ventila-se que uma ala petista, formada por militantes históricos, estaria ressentida com a atenção dada a novos aliados. O ressentimento seria por conta de pleitos não atendidos de alguns aliados, que esperavam mais espaço pelo empenho demonstrado para alavancar as candidaturas do governador Rui e da presidente Dilma Rousseff. O que mais tem demonstrado sua insatisfação é o ex-secretário Jorge Solla, eleito pela legenda para a Câmara dos Deputados. Além de criticar a extinção das Diretorias Regionais de Saúde (Dires), Solla se mostra desconfortável com a substituição de alguns aliados na pasta. Para muitos, porém, sua queixa prende-se mais à perda de espaço numa secretaria estratégica para o governo Rui, onde ele colocou um titular de sua inteira confiança e com carta branca para agir.
O novo titular começa a imprimir um novo ritmo à pasta, e Solla não estaria satisfeito com as mudanças. O presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, minimiza a polêmica e diz desconhecer manifestações de setores do partido reclamando da condução política na nova gestão e da formação da máquina administrativa. A insatisfação de A ou B, “se de fato existe”, disse ele, seria precipitada tendo em vista que a montagem da máquina continua sendo feita e ainda há a articulação para o terceiro escalão. “Todos serão contemplados, dentro de suas capacidades profissionais, perfis e quadros que atuam,” acrescenta o presidente estadual do PT. “É de se esperar que, em qualquer montagem do processo político, algumas pessoas fiquem insatisfeitas. No PT fizemos o debate com todas as correntes internas. Dialogamos com todas. Duas correntes em particular, o Movimento PT e o Mobiliza PT, já foram contempladas e estamos com os entendimentos em fase de conclusão para a constituição da máquina do governo. Tenho garantias do governador que todos os políticos serão contemplados dentro dos seus perfis”, amenizou. A alegação da ala dos que querem mais é de que petenistas, progressistas e até pedetistas, que romperam com o PT, embora parlamentares estaduais tenham permanecido na bancada governista da Assembleia Legislativa, estariam sendo privilegiados, como é, por exemplo, o caso do PTN, que emplacou Maurício Bacelar para um alto posto no Detran. Bacelar foi ferrenho adversário do atual prefeito de Camaçari, Ademar Delgado (PT), e, na ocasião, fez fortes ataques ao governo de Jaques Wagner. O ex-prefeito petista do município, Luiz Caetano, segundo circula nos bastidores, não teria se sentido confortável com a escolha de Bacelar para o estratégico posto, com quem travou duelo a favor da eleição de Delgado. Caetano foi o candidato a deputado federal eleito pelo PT na Bahia com maior número de votos. Procurado pela reportagem, o ex-prefeito de Camaçari e hoje deputado federal desconversou sobre a suposta mágoa com a gestão Rui Costa e garante que é cedo para fazer qualquer análise. Ele afirmou à Tribuna que sua preocupação atual é com o seu mandato na Câmara, cuja posse aconteceu ontem. “Seria precipitado eu afirmar qualquer coisa nesse sentido, ainda é cedo”, desconversou. Fontes do partido procuradas pela Tribuna da Bahia afirmam que entendem o empenho do governador em ampliar sua base, mas não deixam de demonstrar certa inquietação com os recém-chegados, ou reaproximados, como é o caso do PSB. Eles querem saber se esses vão ter a mesma fidelidade do PT nas eleições de 2016 ou 2018. “As alianças são importantes, mas quem vai pra rua, movimenta politicamente o eleitor é o PT. Os aliados agem guiados pelas suas conveniências”, afirmou a fonte, que preferiu anonimato. O suplente de deputado federal Geraldo Simões (PT), que teve participação ativa em Itabuna, sua terra natal, também estaria pleiteando espaço no novo governo. Em Itabuna, o governador ficou atrás do então adversário Paulo Souto, do DEM. A Tribuna tentou contato com o suplente, mas não obteve retorno. Queixa, que se de fato existe, é algo que o presidente do partido considera contornável. Derrotado para a Câmara Federal, Yulo Oiticica (PT), que teria disputado uma cadeira de deputado federal por orientação da própria legenda, também não foi contemplado nesse primeiro e segundo escalão do governo, apesar de sua atuação em áreas essenciais como a segurança pública e os direitos humanos. No entanto, questionado se estaria insatisfeito, negou e frisou acreditar que Rui Costa tem conduzido o processo com objetivo de contemplar todos que têm desenvolvido bons projetos e trabalhos na legenda e no governo anterior. “Eu perdi a eleição para deputado federal, mas ganhei pro governo do estado e, tenho projetos para o interior, e não dá pra dizer que estou insatisfeito porque perdi eleição ou porque não fui secretário. Não estou no primeiro escalão, não sei se estarei no segundo, mas espero estar dentro do governo para ajudar a consolidar o projeto do PT. O governador tem dito que estarei contribuindo na área social dele. Quero que isso aconteça e estou colocando meu nome à disposição”.
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