Em meio à crise da água, escolas da rede municipal de São Paulo retomam as aulas nesta quarta-feira (4) com medidas extremas. Crianças serão proibidas de escovar os dentes. Outras receberão a chamada "merenda seca" -sanduíches em guardanapos, em vez de refeições em pratos, que precisam ser lavados. Algumas unidades destacaram funcionários e ou professores para acompanharem os alunos no banheiro, evitando, assim, o uso excessivo de torneiras e descargas. As atitudes são uma resposta a decreto do prefeito Fernando Haddad (PT) que obriga as escolas municipais a reduzirem em 20% o consumo de água. A Folha esteve em seis colégios na zona norte de São Paulo nesta terça-feira (3). Em três unidades, diretores disseram que, em vez de lavar as mãos com água e sabão, as crianças serão orientadas a usar álcool em gel. Em um desses colégios, não será mais permitido tomar água diretamente do bebedouro. Cada estudante terá uma caneca, e professores supervisionarão o consumo. Gestores afirmaram que os docentes deverão trabalhar o tema da crise da água em classe, como forma de conscientizar alunos e famílias. Para o médico infectologista Caio Rosenthal, algumas dessas medidas são "criminosas". Proibir alunos de escovar os dentes pode causar cáries, infecções e complicações "seriíssimas", diz. Substituir refeições por sanduíches, se tiverem menor valor nutricional, é "discriminatório", em sua opinião. "Supõe-se que são crianças que não têm refeição de excelência em casa. Baixar o nível também na escola é inadmissível", diz. "Se há estado de guerra, quem deve ir para o front é o soldado, não a criança. Ela terá que pagar pelo resto da vida por um descuido das autoridades?"
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