quinta-feira, abril 23, 2015

Petrobras teve em 2014 prejuízo de R$ 21,6 bilhões

A corrupção em contratos, investigada pela Operação Lava Jato, custou à Petrobras R$ 6,2 bilhões, segundo cálculos apresentados ontem pela companhia. O valor considera os depoimentos prestados por ex-executivos e fornecedores à Justiça, que falam em propinas de até 3% no valor de contratos com 27 empresas. Além disso, a companhia decidiu provisionar outros R$ 44,6 bilhões em perda de valor de ativos devido à queda do preço do petróleo e da postergação de projetos que já haviam sido iniciados. As baixas em ativos levaram a empresa a um prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014. "A partir daqui, a Petrobras volta à normalização de suas relações com investidores e com toda a sociedade", afirmou o presidente da companhia, Aldemir Bendine, que leu um discurso antes da apresentação do resultado pelo gerente executivo de desempenho empresarial, Mario Jorge da Silva. Em sua fala, Bendine usou termos como "passando a limpo" e "resgate da companhia" para reforçar a ideia de que a divulgação do balanço, após cinco meses de espera, é um marco para tirar a companhia da crise. "A Petrobras passou por um momento de dificuldade. Mas o desafio agora é a gestão do caixa e o equacionamento da dívida", disse, em um discurso consonante com a avaliação de analistas de mercado. A estatal fechou o ano com dívida líquida de R$ 282,1 bilhões, alta de 27% com relação ao ano anterior. A taxa de alavancagem disparou, atingindo 48%, bem superior aos 35% considerados adequados pelo seu conselho de administração e pelas agências de classificação de risco. A área de abastecimento, que era comandada pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, já condenado em uma das ações geradas pela Lava Jato, foi a que mais apresentou perdas: R$ 3,4 bilhões referentes à corrupção e R$ 33,9 bilhões com baixas em valores de ativos — como o Comperj, a Refinaria Abreu e Lima e a Petroquímica Suape. Na área de exploração, a empresa reconheceu perdas de R$ 2 bilhões com corrupção e R$ 9,8 bilhões com a queda do preço do petróleo no mercado internacional. Silva destacou o crescimento de 15% no lucro bruto, para R$ 80,4 bilhões, como um sinal de que a companhia tem gerado recursos com suas operações.

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