sexta-feira, maio 01, 2015

Gestão Haddad falou com tráfico antes de agir na cracolândia

Auxiliares do prefeito Fernando Haddad (PT) conversaram com traficantes da cracolândia, na região central de São Paulo, e anteciparam a eles detalhes da operação realizada na quarta (29) e que terminou em confronto entre usuários de drogas e policiais. Esse diálogo foi mantido entre assessores do gabinete do prefeito paulistano e ao menos seis pessoas que se identificavam como "líderes" dos ocupantes da chamada "favelinha", um conjunto de barracos dos viciados. O objetivo era evitar uma reação violenta dos frequentadores durante a operação. Mas, segundo a Folha apurou, a prefeitura foi surpreendida minutos antes da ação: os que se diziam líderes sumiram, e outros traficantes assumiram como interlocutores. Temendo descontrole, a gestão Haddad decidiu, então, acionar a PM --que foi ao local e acabou se envolvendo em tumulto e confronto. Questionado nesta quinta (30) sobre a operação, Haddad não mencionou conversas de equipes da prefeitura com traficantes. Disse, porém, que havia negociado com os usuários de crack, há pelo menos três semanas, sobre como seria a ação. Segundo Haddad, em razão desse "acordo" com os dependentes, não foi necessário solicitar apoio policial antes de iniciar a operação. "Alexandre [de Moraes, secretário estadual da Segurança Pública] foi avisado por mim da operação. Falei com ele que não precisaria de apoio da PM porque havia firmado compromisso. Quando o acordo foi rompido, liguei para ele e disse que poderia haver incidente", disse. Segundo guardas civis metropolitanos que também participaram das conversas com os traficantes da região, não houve nenhum acordo com esses homens, apenas um aviso de que as barracas dos usuários de drogas seriam removidas e não mais poderiam ser reerguidas na área. É dentro de algumas dessas barracas que ocorre a venda de drogas na cracolândia --a prefeitura cuida da ação social no local e diz que o combate ao tráfico é de responsabilidade da polícia, subordinada ao governo estadual.

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