sexta-feira, julho 10, 2015

Cassação de Dilma pelo TSE poderia ser vista como golpe

A possibilidade de Dilma Rousseff e Michel Temer serem cassados por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é tida como extremamente complexa até por ministros tradicionalmente contrários à presidente e que integram a corte. Uma decisão tão drástica, tomada por um colegiado de apenas sete juízes, poderia ser encarada como um "golpe paraguaio", nas palavras de magistrado considerado crítico ao governo. Em 2012, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi afastado do cargo por votação do Legislativo endossada em poucas horas pelo tribunal eleitoral do país. A repercussão internacional foi péssima, com a condenação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização de Estados Americanos). Uma cassação da chapa Dilma/Temer passaria o poder imediatamente ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possibilidade que assusta até mesmo setores do PSDB que temem o perfil do parlamentar, considerado conservador e autoritário. Uma vez no comando direto do país, ele se movimentaria avidamente para nele permanecer, dando um "baile" nos tucanos pró-impeachment. A tendência, portanto, é o TSE aumentar a temperatura da crise política, esquadrinhando as contas eleitorais de Dilma e Temer e dando visibilidade ao depoimento do delator Ricardo Pessoa, da UTC, que falará ao tribunal -sem, no entanto, chegar ao extremo do afastamento. Decisão tão drástica, como desenlace de eventual agravamento da crise, seria discutida no Congresso Nacional, de maior legitimidade democrática. Entre os três ministros do TSE que são considerados alinhados com o governo, a posição é até mais rígida. Acham que o depoimento do delator deve ser relativizado ao máximo, caso ele não apresente provas cabais de que colaborou irregularmente para a campanha eleitoral de Dilma. Lembram que o empreiteiro deu recursos também para a chapa de Aécio Neves e do vice, Aloysio Nunes Ferreira, que foi inclusive citado na lista dos que receberam dinheiro irregularmente da UTC. Ele nega. (Mônica Bergamo)

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