sábado, julho 18, 2015

Fernando Baiano sofre ameaças para não fazer delação

A PGR (Procuradoria-Geral da República) trabalha com a informação de que Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador de propinas para setores do PMDB no escândalo da Petrobras, sofreu ameaças para não fazer acordo de delação premiada. Ele teria recebido recados do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para se manter calado. O advogado Nélio Machado, que representa Fernando Baiano, diz que a informação não tem "absolutamente a menor procedência". E que ele próprio tem orientado o cliente a "se manter vertical" e não aderir a acordo de colaboração. "A pressão que ele recebe é na cadeia [para fazer delação]", diz Machado. O advogado de Eduardo Cunha não foi localizado até a conclusão da coluna. O presidente da Câmara, diante de acusações semelhantes, já disse que não comenta "leviandades". Outros dois delatores que acusam Eduardo Cunha de receber propina por meio de Fernando Baiano –o doleiro Alberto Youssef e o empresário Julio Camargo– já declararam à Justiça temer represálias do presidente da Câmara. Youssef chegou a afirmar ao juiz Sergio Moro que um "pau mandado" de Cunha tem feito ameaças à família dele. A tentativa de ocultar provas ou coagir testemunhas é uma das razões previstas em lei para a decretação de prisão preventiva de um investigado. Segundo um ministro do Supremo Tribunal Federal que se diz "impressionado" com as declarações dos delatores de que sofrem ameaças, a corte tem sido implacável em casos assim. A procuradoria-geral, no entanto, dificilmente fará pedido semelhante ao STF. Uma das razões é que, ainda que as supostas ameaças pudessem ser provadas e que a corte, numa atitude extrema, admitisse a prisão de Eduardo Cunha, ela só seria efetivada se autorizada pela Câmara dos Deputados –onde o peemedebista mantém ainda grande influência. Os procuradores seguem discutindo, no entanto, a hipótese de pedir o afastamento de Cunha da presidência da Câmara, como antecipou a coluna. A alegação seria a de que, no cargo, ele tem poder para tentar atrapalhar as investigações. A decisão só não foi ainda tomada porque há o temor de que o STF negue o pedido. Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) manifestou a interlocutores extrema preocupação com os rumos da atual crise política. (Mônica Bergamo)

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