segunda-feira, novembro 09, 2015

Diretor da Odebrecht discutia respostas com assessor de Lula

A análise das mensagens encontradas no celular do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, mostra que ele discutia diretamente com o assessor de imprensa do Instituto Lula como reagir a reportagens sobre a relação do ex-presidente com a Odebrecht. De acordo com os textos, ele também desejava que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deixasse o cargo, e recebia mensagens apreensivas da família, temendo sua prisão. O laudo foi incluído pela Polícia Federal na tarde de sexta-feira no processo onde a empreiteira é acusada de corrupção relacionada a contratos obtidos na Petrobras. Citado por três delatores da Lava-Jato como responsável pelo pagamento de propinas em nome da empresa, Alexandrino foi libertado em outubro depois de passar quatro meses preso, em Curitiba. Ele nega as acusações. Os textos apreendidos no telefone do então diretor evidenciam que ele era avisado pelo assessor de imprensa do Instituto Lula sobre matérias que estavam sendo produzidas sobre a relação do ex-presidente com a Odebrecht. O assessor sugeria o tom das repostas da empreiteira a reportagens e debatia com Alexandrino estratégias de reação. Em 12 de abril deste ano, o GLOBO mostrou que Alexandrino acompanhou Lula em périplo por três países em viagem financiada pela Odebrecht, para realizar uma palestra e compromissos que não tinham relação com as atividades da empresa. A mesma matéria revelou que Alexandrino mantinha contatos telefônicos com Alberto Youssef, operador de lavagem de dinheiro e pagamento de propina para a Odebrecht. Cinco dias antes da publicação da reportagem, minutos depois de ser procurado pelo GLOBO para esclarecer o relacionamento de Lula com Alexandrino, o assessor avisou o diretor da construtora sobre a reportagem.

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