Uma manobra estatística do governo Geraldo Alckmin (PSDB) ampliou a queda dos homicídios em São Paulo. A redução dessas ocorrências em patamares recordes neste ano tem sido usada como bandeira do secretário Alexandre de Moraes (Segurança Pública), cotado para disputar a prefeitura da capital paulista nas eleições de 2016. A mudança de metodologia começou em abril, sem divulgação, quando a gestão tucana passou a excluir das estatísticas de homicídios dolosos as mortes cometidas por PMs de folga em legítima defesa. A estratégia permitiu ao Estado retirar, em apenas seis meses, 102 mortes das estatísticas oficiais de homicídios —equivalentes a mais de cinco chacinas como a registrada no dia 13 de agosto em Osasco e Barueri (Grande SP). Os casos de assassinatos em São Paulo continuam em queda este ano, mas a revisão dos dados mostra que ela é bem mais tímida do que a das divulgações do governo. No período de seis meses em que houve a mudança de metodologia, os números divulgados pela gestão Alckmin apontam diminuição de 16,3% dos homicídios na capital e 13,2% no Estado em relação ao mesmo período de 2014. Na prática, no entanto, considerando os critérios adotados nos últimos dez anos, essa queda é de 6,7% e 8,1%, respectivamente. A publicidade oficial também diz que, em setembro, pela primeira vez desde 2001, a taxa de homicídios no Estado ficou em 9,1 casos por grupo de 100 mil habitantes. Mas isso só foi possível porque foram retiradas das estatísticas deste ano as mortes por PMs em horário de folga. O índice real foi de 9,4, já atingido antes, em julho.
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