domingo, junho 14, 2020

PGR pede que invasores de hospitais sejam investigados

Após a onda de ameaças de invasão a hospitais públicos e ataques a profissionais de saúde, o procurador-geral da República, Augusto Aras, elaborou um ofício para auxiliar as unidades federativas que forem alvo dos ataques na responsabilização dos eventuais envolvidos. As instruções são destinadas aos procuradores-gerais de Justiça e têm como objetivo garantir a integridade física dos trabalhadores da saúde, bem como a ordem dentro das unidades. Aras usa como base os episódios divulgados pelos meios de comunicação, citando, por exemplo, um vídeo gravado na noite de terça-feira (9/6), no Hospital Regional de Ceilândia, no DF, em que um homem grava uma live insultando uma enfermeira. “Vai se internar. Arruma um psiquiatra para essa mulher. Sua petista. Sai daqui, pão com mortadela. Prefiro ser Bolsonaro do que uma petista”, diz o homem.
“Indubitavelmente, condutas dessa natureza colocam em risco a integridade física dos valorosos profissionais que se dedicam, de forma obstinada, a reverter uma crise sanitária sem precedentes na história do país. Observadas as condições de procedibilidade, os eventos narrados, dotados de gravidade, podem ensejar, em tese, a responsabilidade criminal dos seus autores, razão pela qual solicito a Vossa Excelência a distribuição da presente notícia-crime para adoção das medidas que o(a) Promotor(a) natural compreender necessárias”, argumenta o PGR. As ameaças se tornaram mais recorrentes depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), incitou a invasão a hospitais públicos durante uma live que fez na noite de quinta-feira (11/6). Na ocasião, o mandatário do país pediu para que os apoiadores arranjassem "uma maneira de entrar (nos hospitais de campanha) e filmar". Apesar do pronunciamento, Aras não menciona a conduta de Bolsonaro como crime. Diferente do PGR, o ministro do supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, usou as redes sociais para classificar a atitude como crime. "Invadir hospitais é crime - estimular também. O Ministério Público (a PGR e os MPs Estaduais) devem atuar imediatamente. É vergonhoso - para não dizer ridículo - que agentes públicos se prestem a alimentar teorias da conspiração, colocando em risco a saúde pública", publicou. Um dia após a fala do líder brasileiro, foram registradas invasões de hospitais, colocando em risco a segurança de profissionais da saúde, pacientes e população. (CB)

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