O presidente Jair Bolsonaro deu sinal verde para que Renato Feder assuma o Ministério da Educação. A nomeação, contudo, não foi sacramentada no Diário Oficial da União (DOU) porque o nome do secretário de Educação do Paraná tornou-se alvo de críticas dentro do próprio governo. Bolsonaro está sendo pressionado por grupos ao seu redor para mudar de opinião. Feder não agradou a boa parte do Executivo, em especial, porque, há quatro anos, doou R$ 120 mil para que João Doria (PSDB) concorresse à Prefeitura de São Paulo — hoje governador de São Paulo, o tucano é um dos principais rivais do presidente. Também pesou para a insatisfação dos integrantes do governo o fato de o professor já ter sido alvo de denúncias do Ministério Público: é acusado de sonegação fiscal por não ter recolhido R$ 22 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da empresa Multilaser, da qual é sócio.
Até mesmo a ala evangélica do Planalto mostrou-se contrária à possível escolha de Bolsonaro, sobretudo por uma suposta proximidade de Feder com o empresário Jorge Paulo Lemann. O criador da Fundação Lemann — associação que colabora com iniciativas para a educação pública e que tem firmado uma série de parcerias com a Secretaria de Educação do Paraná — já criticou o chefe do Executivo publicamente. Para essa parte do governo, por mais que o presidente tenha dado um aceno ao setor privado da educação, ao optar por Feder, ele perde a “guerra ideológica” do ministério ao escolher alguém com um perfil diferente do seu. Apesar de bombardeado por todos os lados, Bolsonaro, pelo menos por enquanto, não deu sinais de que vai voltar atrás, mas optou por segurar a confirmação de Feder como novo ministro da pasta. Ela pode acontecer apenas na segunda-feira. Até lá, o presidente deve ponderar as repercussões da eventual nomeação. Nas redes sociais, a militância bolsonarista tem condenado o nome de Feder. Os apoiadores reclamaram, principalmente, de uma postura mais liberal por parte do educador. No livro Carregando o elefante — como transformar o Brasil no país mais rico do mundo, de 2007, em coautoria com Alexandre Ostrowiecki, Feder defende bandeiras como a legalização das drogas e a forte redução das Forças Armadas, o que contrasta com os ideais do chefe do Executivo. Na obra, Feder também se mostra a favor da extinção do MEC. Para Ostrowiecki e ele, deveriam ser mantidos apenas oito ministérios. “Muitos ministros acabam não conseguindo nem falar com o presidente e assumem papel decorativo”, argumentaram. As funções dos ministérios da Saúde e da Educação, por exemplo, deveriam ser desempenhadas por agências reguladoras. O professor ainda apoia a privatização do ensino público, começando pelas universidades. Segundo o livro, ela se daria por meio da implantação do sistema de vouchers, em que famílias receberiam uma espécie de cupom ou cartão com o qual matriculariam os filhos em escolas do sistema privado. A publicação ainda destaca que a livre iniciativa e a competição pressionariam para a melhoria do ensino, enquanto o Estado se “livraria” de uma atividade, além de ganhar com a venda dos imóveis e terrenos que dão lugar às escolas. Apesar de tudo, ao assumir a Secretaria de Educação do Paraná, no ano passado, Feder afirmou que mudou de ideia sobre as opiniões apresentadas na obra, incluindo a de privatização do ensino, conforme declaração dada à época à Gazeta do Povo. Ao jornal, ele relatou ter estudado o tema com maior profundidade e percebido que não houve vantagens na adoção do modelo no Chile e nos Estados Unidos. “Eu acredito tranquilamente, firmemente, que ensino público tem condições de entregar ensino de excelência. Não vou privatizar, não vou terceirizar e não vou fazer voucher.” Por sua vez, o perfil empreendedor de Feder e mais próximo ao segmento privado agradou a entidades de ensino particulares. Em nota oficial, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) afirmou que “ele tem um perfil técnico, jovem e determinado” e “valoriza a aliança da tecnologia em prol da educação e o diálogo com o setor privado, aspectos muito relevantes para o bom direcionamento do ministério”. “Temos a expectativa de que o ministro esteja atento às políticas de democratização do acesso e de inclusão que precisam ser revistas, implementadas e aprimoradas, especialmente dos estudantes de baixa renda”, informou o comunicado da entidade. Na mesma linha, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) destacou que “Renato Feder é um nome com potencial por seu perfil jovem, empreendedor e liberal”. “Sua trajetória, tanto como secretário de Educação do Paraná quanto como docente para Jovens e Adultos, mostra que teremos boas chances de percorrer um caminho frutífero na educação brasileira”, ressaltou. Já o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo Semesp (Semesp) destacou que a escolha de Feder “renova as expectativas de que sob sua gestão o MEC consiga superar os difíceis desafios que vêm sendo enfrentados pela educação brasileira”, visto ele já teria “manifestado sua inclinação para políticas públicas mais eficientes, consistentes e objetivas e estratégias pedagógicas mais inovadoras”. Depois de sucessivos desgastes com os últimos representantes da pasta — Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli, indicados pelas alas olavista e militar do Palácio do Planalto —, Bolsonaro optou por uma saída diferente e espera, assim, amenizar o conflito de ideologias no MEC e “arrumar a casa” da Educação que, segundo ele mesmo disse, “está horrível”. Olavistas — ala do governo que segue o “guru” Olavo de Carvalho — têm um histórico de sucesso em frituras iniciadas nas redes sociais que terminaram em demissão, como a ex-secretária de Cultura Regina Duarte e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Já os militares foram surpreendidos com o convite do presidente Jair Bolsonaro a Renato Feder e querem um nome ligado a eles, que acreditam ter mais força política. Na opinião do grupo, o secretário de Educação do Paraná é um empresário que quer fazer carreira na política, mas não tem experiência.
Até mesmo a ala evangélica do Planalto mostrou-se contrária à possível escolha de Bolsonaro, sobretudo por uma suposta proximidade de Feder com o empresário Jorge Paulo Lemann. O criador da Fundação Lemann — associação que colabora com iniciativas para a educação pública e que tem firmado uma série de parcerias com a Secretaria de Educação do Paraná — já criticou o chefe do Executivo publicamente. Para essa parte do governo, por mais que o presidente tenha dado um aceno ao setor privado da educação, ao optar por Feder, ele perde a “guerra ideológica” do ministério ao escolher alguém com um perfil diferente do seu. Apesar de bombardeado por todos os lados, Bolsonaro, pelo menos por enquanto, não deu sinais de que vai voltar atrás, mas optou por segurar a confirmação de Feder como novo ministro da pasta. Ela pode acontecer apenas na segunda-feira. Até lá, o presidente deve ponderar as repercussões da eventual nomeação. Nas redes sociais, a militância bolsonarista tem condenado o nome de Feder. Os apoiadores reclamaram, principalmente, de uma postura mais liberal por parte do educador. No livro Carregando o elefante — como transformar o Brasil no país mais rico do mundo, de 2007, em coautoria com Alexandre Ostrowiecki, Feder defende bandeiras como a legalização das drogas e a forte redução das Forças Armadas, o que contrasta com os ideais do chefe do Executivo. Na obra, Feder também se mostra a favor da extinção do MEC. Para Ostrowiecki e ele, deveriam ser mantidos apenas oito ministérios. “Muitos ministros acabam não conseguindo nem falar com o presidente e assumem papel decorativo”, argumentaram. As funções dos ministérios da Saúde e da Educação, por exemplo, deveriam ser desempenhadas por agências reguladoras. O professor ainda apoia a privatização do ensino público, começando pelas universidades. Segundo o livro, ela se daria por meio da implantação do sistema de vouchers, em que famílias receberiam uma espécie de cupom ou cartão com o qual matriculariam os filhos em escolas do sistema privado. A publicação ainda destaca que a livre iniciativa e a competição pressionariam para a melhoria do ensino, enquanto o Estado se “livraria” de uma atividade, além de ganhar com a venda dos imóveis e terrenos que dão lugar às escolas. Apesar de tudo, ao assumir a Secretaria de Educação do Paraná, no ano passado, Feder afirmou que mudou de ideia sobre as opiniões apresentadas na obra, incluindo a de privatização do ensino, conforme declaração dada à época à Gazeta do Povo. Ao jornal, ele relatou ter estudado o tema com maior profundidade e percebido que não houve vantagens na adoção do modelo no Chile e nos Estados Unidos. “Eu acredito tranquilamente, firmemente, que ensino público tem condições de entregar ensino de excelência. Não vou privatizar, não vou terceirizar e não vou fazer voucher.” Por sua vez, o perfil empreendedor de Feder e mais próximo ao segmento privado agradou a entidades de ensino particulares. Em nota oficial, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) afirmou que “ele tem um perfil técnico, jovem e determinado” e “valoriza a aliança da tecnologia em prol da educação e o diálogo com o setor privado, aspectos muito relevantes para o bom direcionamento do ministério”. “Temos a expectativa de que o ministro esteja atento às políticas de democratização do acesso e de inclusão que precisam ser revistas, implementadas e aprimoradas, especialmente dos estudantes de baixa renda”, informou o comunicado da entidade. Na mesma linha, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) destacou que “Renato Feder é um nome com potencial por seu perfil jovem, empreendedor e liberal”. “Sua trajetória, tanto como secretário de Educação do Paraná quanto como docente para Jovens e Adultos, mostra que teremos boas chances de percorrer um caminho frutífero na educação brasileira”, ressaltou. Já o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo Semesp (Semesp) destacou que a escolha de Feder “renova as expectativas de que sob sua gestão o MEC consiga superar os difíceis desafios que vêm sendo enfrentados pela educação brasileira”, visto ele já teria “manifestado sua inclinação para políticas públicas mais eficientes, consistentes e objetivas e estratégias pedagógicas mais inovadoras”. Depois de sucessivos desgastes com os últimos representantes da pasta — Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli, indicados pelas alas olavista e militar do Palácio do Planalto —, Bolsonaro optou por uma saída diferente e espera, assim, amenizar o conflito de ideologias no MEC e “arrumar a casa” da Educação que, segundo ele mesmo disse, “está horrível”. Olavistas — ala do governo que segue o “guru” Olavo de Carvalho — têm um histórico de sucesso em frituras iniciadas nas redes sociais que terminaram em demissão, como a ex-secretária de Cultura Regina Duarte e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Já os militares foram surpreendidos com o convite do presidente Jair Bolsonaro a Renato Feder e querem um nome ligado a eles, que acreditam ter mais força política. Na opinião do grupo, o secretário de Educação do Paraná é um empresário que quer fazer carreira na política, mas não tem experiência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário