sexta-feira, dezembro 18, 2020

Abin orientou defesa de Flávio na anulação de caso Queiroz

A estratégia de anulação do processo da rachadinha pela defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que consta dos dois relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelados pela revista Época, na edição de 14 de dezembro, provocou consternação na opinião pública, deixou o Palácio do Planalto em absoluto silêncio e colocou em suspeita a credibilidade da agência como órgão de Estado e dos servidores que lá trabalham. A despeito dessas consequências da divulgação do teor dos documentos, a defesa de Flávio Bolsonaro relatou à reportagem que jamais cogitou seguir as orientações que constavam do relatório. Procurada por Época no dia 9 de dezembro para comentar o conteúdo obtido pela reportagem, a advogada Luciana Pires disse, sem pedir que fosse resguardado o sigilo da fonte, que as orientações, vindas do diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, estavam fora do alcance da defesa, por envolverem ações do Executivo, como a demissão de servidores. “Não fiz nada. Não vou fazer nada do que ele (Ramagem) está sugerindo. Vou fazer o quê? Não está no meu escopo. Tem coisa que eu não tenho controle”, disse a defensora. Pires relatou que as suspeitas de um suposto grupo criminoso que atuava na Receita Federal, e que constam dos relatórios, não eram novidade para ela — e que havia sido justamente ela quem informara o senador e Ramagem sobre a suposta atuação desse grupo. “Todo o material que ele (Ramagem) passou para a Abin foi eu que passei. (...) Eu mandei pronto para ele. Ele não descobriu nada. Inclusive, isso foi pauta na reunião”, disse a defensora. A reunião citada por Pires, também revelada por Época em outubro, foi confirmada nesta semana por Ramagem e pelo general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao qual a Abin é subordinada. Em resposta a uma determinação da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira 15, Ramagem admitiu que houve uma reunião com a defesa do parlamentar em agosto, mas disse que o encontro não teve desdobramentos práticos — ou seja, nenhuma deliberação daquele dia teria resultado em ação do governo. Questionada sobre se a Abin produziu outros documentos além desses dois, a advogada negou. “Não, não passou para mim. Se produziu, Flávio não passou para mim. Se foi produzido além desses, ele não passou.” Segundo Luciana Pires, vieram da Abin os dois relatórios e a recomendação para que a defesa protocolasse uma petição na Receita Federal solicitando formalmente os documentos que embasassem a suspeita de que o senador foi alvo de uma devassa ilegal por servidores do Fisco. “Nenhuma orientação do Ramagem o Flávio seguiu ou me pediu para seguir. Eu não tenho contato nenhum com o Ramagem. Ele ia ajudar em quê? Ele não tem a menor ideia do que está acontecendo lá dentro (da Receita), eu tenho mais informação do que ele. Ele sugeriu esse monte de ação que ninguém seguiu nada”, afirmou.

2 comentários:

NOJO disse...

O mais interessante nessa reportagem que os jornalistas não estão dano crédito é que a Dra. Luciana afirmar que ela foi que passou as informações de grupo criminoso dentro da receita. Não vejo uma manchete a respeito da denúncia que grave tanto quanto uso da agência para fazer relatório. O objetivo da reportagem é atingir o presidente. Lamentável

Anônimo disse...

Bolsonaro é mais do mesmo e ponto final, não voto em mais ninguém.