O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou nesta sexta-feira (9), que foi gravada a conversa entre o deputado Luis Miranda (DEM-DF), o servidor público Luis Ricardo Fernandes Miranda e o presidente Jair Bolsonaro, no dia 20 de março. Em uma publicação no Twitter o petista escreveu que "são 50 minutos de muita informação e baixaria". A pessoas próximas, Pimenta disse que Miranda exibiu um trecho da gravação a um grupo restrito de parlamentares, em Brasília. Auxiliares de Bolsonaro têm certeza de que existe esse áudio e temem os desdobramentos da crise. Segundo o site O Antagonista, o presidente não teria mencionado apenas o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), como responsável pelo esquema de corrupção que envolveu o contrato de compra da vacina indiana Covaxin. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas, também teriam sido mencionados. Os três formam o núcleo do Centrão, bloco que sustenta Bolsonaro no Congresso. Os irmãos Miranda disseram à CPI da Covid que relataram a Bolsonaro, na reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, em 20 de março, cobrança de propina e outras irregularidades na compra da Covaxin, vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. No depoimento, o deputado afirmou que Bolsonaro atribuiu os problemas a "mais um rolo" de Ricardo Barros. No Congresso, a avaliação é a de que, se esta declaração for confirmada, a governabilidade estará comprometida e o grupo de Barros poderá se voltar contra o Palácio do Planalto. Suspeitas de corrupção nas negociações para a aquisição de vacinas estão atualmente no foco da CPI. Duas semanas depois de Miranda ter afirmado que Bolsonaro fez o comentário desabonador sobre Barros, o silêncio impera no Planalto. Provocado por meio de uma carta enviada pela cúpula da CPI a rebater a versão do deputado, um ex-aliado, o presidente disse que vai ignorar a missiva. Até o momento, Miranda tem negado, publicamente, que tenha gravado Bolsonaro. Mas sempre faz a ressalva de que não estava sozinho no encontro e que, na CPI da Covid, seu irmão Luis Ricardo não foi perguntado sobre isso.
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