sexta-feira, dezembro 02, 2011

Cacau: um agrossistema rentável para a agricultura familiar


A cultura cacaueira, descrita em vários livros do saudoso autor Jorge Amado como grande influente na formação da sociedade sul-baiana, é um dos destaques da Feira Internacional da Agropecuária da Bahia (Fenagro), que acontece até este domingo (04), no Parque de Exposições de Salvador. Os visitantes do evento podem conferir as etapas de organização da cadeia produtiva do cacau, que é um produto altamente rentável, principalmente para os agricultores familiares, que estão explorando a cultura de forma mais sustentável.

Com o apoio da Gerência Regional da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), sediada em Itabuna, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), muitos agricultores familiares do Sul e Baixo Sul da Bahia, perceberam que a verticalização do cacau é um segmento mais rentável do que a venda apenas da amêndoa, por agregar valor ao produto.

É de Buerarema, no Sul da Bahia, a 470 quilômetros de Salvador, que vem o exemplo dessa nova exploração da cadeia produtiva do cacau. O assentamento Buíque, com Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) prestada pela EBDA, através de uma parceria com o Incra, vem produzindo e comercializando polpas de cacau e de outras frutas, além de licor de cacau, e doces. Os agricultores do Buíque receberam da Seagri, um kit para o beneficiamento das frutas produzidas na fazenda, o que vem estimulando os jovens, adultos e idosos do assentamento.

“A EBDA vem interligando esses agricultores a programas de governo, como o de Aquisição de Alimentos (PAA) e o de Alimentação Escolar (Pnae), que já absorvem grande parte dessa produção, direto do agricultor”, comentou o engenheiro agrônomo da EBDA, Welligton Leite.

Implantação de SAF
Uma outra iniciativa que a EBDA vem disseminando na região sul da Bahia, é a diversificação agrícola, porém sem abandonar a cultura dos chamados “frutos de ouro”, que para o técnico da EBDA, Miranildo Góes, dono de uma vasta experiência em manejo de cacauais, “não há no mundo um outro produto com a mesma capacidade de liquidez, quanto a do cacau”.

Os técnicos dos Escritórios Locais de Ilhéus e de Camamu, juntamente com a Empresa Michelin e o Banco do Nordeste, vem implantado Sistemas Agroflorestais (SAF’s), na zona rural dos municípios atendidos. “Essa técnica consiste em trabalhar a produção do cacau, associada a outras culturas, sem prejuízo à cultura principal. No projeto da EBDA, os SAF’s são desenvolvidos com as culturas da seringueira, cacau e banana, intercalando outras de ciclo curto, como quiabo, feijão, milho, mandioca”, explicou Góes.

Há quatro anos, o agricultor familiar Alberto Rodrigues foi contemplado pelo projeto. Com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf - Floresta), foram introduzidas, na propriedade, 833 mudas melhoradas de cacau, 400 de seringueira e 833 pés de banana, além de outras culturas de ciclo curto. “Estou muito orgulhoso de ver o quanto esse projeto tem dado certo”, comentou o agricultor.

Para o técnico da EBDA, Osvaldo Neris, além da ampliação de renda do produtor, esse sistema reduz os riscos inerentes ao clima, mercado, pragas e doenças, facilita o manejo das culturas, e impede desmatamentos no sistema continuo de plantio, pois não é necessário à incorporação de novas áreas. “Nós implantamos o SAF em uma área de um hectare, para que o agricultor sinta a importância do projeto”, ressaltou Neris.

A expectativa da EBDA, com relação à produtividade do cacau, é que, após o período de estabilização, que acontece no sétimo ano após a implantação do projeto, seu Alberto colha, em média, 50 arrobas por ano, em um hectare de área plantada. Quanto à seringueira, a produção estimada chega a três mil quilos de coágulos/ano. “A principal preocupação da EBDA é com a qualidade de vida dos agricultores familiares. Acreditamos que a diversificação agrícola é capaz de amenizar a problemática do êxodo rural, ainda tão comum em nosso país”, ressaltou o gerente regional, Wagner Ayres.

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