A crise econômica que assola a Europa (leia mais na página 6) bateu na porta do consumidor brasileiro. Neste final de 2011, financiar um veículo ficou mais difícil. Os bancos privados e públicos estão mais cautelosos em liberar crédito para compra de carros com medo da inadimplência que cresceu cerca de 17% este ano nessas operações. O fator externo agrava o cenário, pois se houver um calote em terras brasileiras será mais difícil captar recursos no mercado internacional para cobrir o rombo. Os modelos mais prejudicados são os seminovos. Comprar sem entrada e parcelar em 60 vezes, por exemplo, é tarefa árdua.
O pedido inicial é de, no mínimo, 20% do valor do automóvel com juros médios entre 1,5% e 1,7% ao mês. Já os tipo zero-quilômetro ainda podem ser adquiridos mais facilmente por meio das instituições financeiras próprias das montadoras. Os últimos dados oficiais, contabilizados pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) até novembro, mostram que cerca de R$ 168 bilhões foram liberados como crédito para consumo de veículos no Brasil este ano. Trata-se de um volume cerca de 10% maior que o registrado em 2010 até a mesma época. Entretanto, a inadimplência saltou de 3,8% no ano passado para 4,4% em 2011 o que, por si só, acende uma luz de alerta.
"Os bancos estão colocando maiores restrições na liberação do financiamento, pois 2012 se desenha como um ano preocupante. Não se esperava que a situação na Europa chegasse ao ponto atual. Para os bancos fica mais difícil captar dinheiro lá fora e se a situação se agravar ainda mais, as instituições nacionais não querem estar tão expostas", comentou o diretor executivo de economia da Anefac, Roberto Vertamatti.
"Os bancos estão fugindo do risco. Não vão apostar em um financiamento de 60 vezes sem entrada. E quem é mais duramente atingido são os consumidores de classe média e as pequenas empresas", explicou o economista da agência de análise de mercado MSantos, Ayrton Fontes. Além de negar pedidos, as instituições financeiras têm lançado mão de uma análise bem mais criteriosa dos consumidores, checando o tempo de carteira assinada e quanto da sua renda é comprometida com outros compromissos.
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