Impedida de escolher o Ministério de seus sonhos no começo do governo, por pressões dos partidos aliados e do ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff buscou um atalho e criou a “república dos vice-ministros”. Com perfil técnico e estilo centralizador, Dilma despacha diretamente com secretários-executivos de várias pastas, tomando decisões à revelia dos ministros. Em pelo menos meia dúzia de ministérios, a relação mais constante da presidente é com os subs dos ministros. Essa prática tem criado constrangimentos e estimulado disputas de poder nos bastidores, o que, na visão de interlocutores com acesso ao Planalto, prejudica o objetivo de Dilma de tornar o governo mais ágil e eficiente.
Um dos casos mais complicados é na Fazenda, onde o ministro Guido Mantega e o secretário-executivo, Nelson Barbosa, entraram em rota de colisão. Incomodado com o acesso de Barbosa à presidente, Mantega pediu a Dilma que não despache mais a sós com o seu vice. E tem feito movimentos para isolar Barbosa, com quem Dilma tem relação muito próxima desde o começo do governo Lula. Gostaria até de tê-lo indicado para comandar a Fazenda, mas cedeu às pressões de Lula. Segundo fontes, mesmo com a reclamação de Mantega, ela mantém canal direto com Barbosa, só que de forma mais discreta.
Na Casa Civil, o secretário-executivo Beto Vasconcelos é mais demandado que a ministra Gleisi Hoffmann. Na noite da última quarta-feira, por exemplo, quando a Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou a demissão do ministro Carlos Lupi, Vasconcelos foi chamado para acompanhar Dilma ao Palácio da Alvorada e discutir os aspectos jurídicos da situação, sem a presença de Gleisi. Relação semelhante ela estabeleceu com o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, na gestão do seu antecessor, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM).
No Ministério de Minas e Energia, embora Dilma tenha uma boa relação com o titular Edison Lobão, o secretário-executivo Márcio Zimmermann também despacha diretamente com ela. Ele a acompanhou nas duas últimas viagens ao exterior. Na sexta, enquanto Zimmermann estava em Caracas com Dilma, Lobão cumpria agenda periférica em Manaus. Mas este é um caso à parte, porque o ministro conseguiu conquistar a simpatia de Dilma e hoje é um dos seus mais próximos interlocutores. Na visão do Planalto, Lobão foi hábil ao aceitar as regras do jogo quando Dilma chefiava a Casa Civil.
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