Em busca de uma informação confiável, a aposentada Helena Soares Andrade, 68 anos, ligou para seu plano de saúde. Queria saber quais os ginecologistas credenciados localizados no bairro de Boa Viagem. Cliente desde 1996 da Golden Cross, ouviu do outro lado da linha um atendente com sotaque paulista listar cinco profissionais. Helena ligou para todos. Nenhum estava mais atendendo pelo plano. Livretos, sites e até as centrais de atendimento direto aos consumidores fornecem dados defasados. É a face mais recente de um problema que, há dois anos, os 47 milhões de usuários de planos de saúde do País aturam. No meio do tiroteio entre médicos e operadoras, em rota de colisão nas negociações por aumento nos honorários das consultas, os pacientes amargam um serviço cada vez mais precário.
Instituições representantes de médicos e de defesa dos consumidores reforçam que as informações oficiais repassadas pelos planos estão subdimensionadas e desatualizadas.
Um problema grave quando se observa que a escolha por essa ou aquela operadora é baseada prioritariamente na extensão e na qualidade da rede credenciada. O resultado é uma insatisfação escancarada. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostra que, em 2011, planos de saúde formaram o segundo setor que mais gerou reclamações relacionadas à qualidade deficiente de seus serviços. Dentre as principais queixas, descredenciamento de profissionais e hospitais ocuparam lugar de destaque.
Cardiologista e representante do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) nas negociações com as empresas de saúde suplementar, Mário Fernando Lins confirma que os insatisfeitos com as operadoras têm pedido desligamento. Não existem estatísticas oficiais que dimensionem a fuga. Há, sim, a convicção de que o ritmo de rescisões de contratos por parte dos médicos tem sido bem mais veloz que o da atualização das informações repassadas pelos planos aos seus clientes.
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